Libertadores 2017 – Final – Grêmio 1 x 0 Lanús

Uma final digna de Libertadores

A partida na Arena teve todos os componentes necessários a uma grande final. Com dois times de alta qualidade em campo, o equilíbrio das ações ocorreu, com ambos peleando por cada m² de campo, na busca de neutralizar o adversário. Houve lances ríspidos, catimba, milagre de goleiro, explosão da torcida e erros da arbitragem. No fim deu Grêmio, vitória justa por 1 x 0 e vantagem para jogar pelo empate na Argentina.

Gremio x Lanus

Gremio x Lanus

Espetáculo gremista (Fotos: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Há que se destacar os méritos do Lanús. Mostrou um grande futebol e soube “amarrar” o jogo gremista. Esteve sempre organizado e não fugiu de sua proposta durante toda a partida, de valorizar a posse, rodar a bola e tirar a velocidade do jogo.

Os argentinos não ousaram atacar o Grêmio e repetiram a postura demonstrada contra o River, no Monumental. Forte marcação no meio-campo e preenchimento dos espaços. Com a bola, zagueiros e laterais avançados, o goleiro Andrada atuando como líbero, muita triangulação e uma troca de passes irritante para o Grêmio, que sofria até recuperar a bola.

O tricolor teve um bom início, enquanto conseguiu pressionar a saída adversária, porém logo reduziu a intensidade e teve um momento de descontrole na partida. O Lanús aproveitou o descuido tricolor e criou suas únicas situações de perigo na noite quente da Arena. Primeiro no chute cruzado de Martinez e depois na cabeçada de Braghieri, defendida em novo milagre de Grohe. Uma defesa belíssima a queima roupa, de alta ecxigência técnica e reflexo e que pode ter garantido o título gremista. Outra para a coleção de milagres que Grohe vem protagonizando nesta Libertadores.

Foi o pior momento do Grêmio, que terminou o 1º tempo sem nenhuma conclusão no gol de Andrada. Faltava velocidade na transição ofensiva e a jogada final de desequilíbrio. Luan estava muito distante do gol; Fernandinho inoperante, para variar; Barrios sem receber bolas em condições. O Grêmio estava preso na arapuca do Lanús.

Renato manteve o time na volta do intervalo, mas mudou a postura. Era o que precisava ser feito. Avançou de vez a marcação e pressionou por roubadas mais rápidas, para aproveitar os espaços antes da recomposição do Lanús. Teve êxito em encuralar o adversário e dar velocidade ao jogo, criando situações de maior perigo.

Aos 12’/2ºT Everton entrou na vaga de Fernandinho e aos 26’/2ºT Cícero na de Jaílson. O tricolor dominava, mas faltava o gol. Renato então trocou Barrios por Jael, aos 29’/2ºT, na esperança de ter maior presença física na frente. O Grêmio controlava, mas finalizava apenas de fora da área. Os chutes a distância de Cortez e Jael foram as melhores situações, porém era pouco para conseguir o gol.

Tudo se encaminhava para um empate amargo, quando o Grêmio fez, finalmente, o inesperado. Se a bola não chegava pelo chão restava jogar por cima. Edílson apelou para o balão e do meio-campo lançou para a área. A jogada surpreendeu a defesa do Lanús, pois tirou o tempo de recomposição dos defensores e permitiu a entrada gremista na área. Jael, o cruel, escorou de cabeça para a infiltração do predestinado Cícero. O homem dos poucos e decisivos jogos, contratado para ser o cara na Libertadores, apareceu livre e completou para as redes, desviando de Andrada.

Um gol com a estrela de Renato e suas escolhas controversas. Um gol do Midas que transforma em ouro jogadores desacreditados, como vem fazendo com Cortez, Bressan, Paulo Victor, Léo Moura, Cristian, Jael e agora Cícero. Um gol para justificar a mística tricolor de reabilitar atletas.  Um gol merecido ao time que buscou bravamente a vantagem no placar. Enfim, um gol que pode decidir a Copa.

Gremio x Lanus

Gol do título? (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

A vantagem mínima neste duro confronto se torna uma goleada para o Grêmio, no combustível anímico que ganha e na pressão que deixa para o Lanús. Agora permite ao Grêmio fazer o jogo que adora quando visitante, de controle da posse e aproveitamento do contra-ataque.

Ao Lanús não serve mais esta postura defensiva e de retirar a velocidade do jogo. Terá de atacar e já deu mostras, contra o River Plate, dos seus problemas defensivos quando tenta propor o jogo.

A guerra em La Fortaleza se avizinha, onde usarão todos os recursos possíveis para tirar o título, que, por enquanto, está com o Grêmio. O jogo passa inclusive pela arbitragem, fora os fatores de pressão e intimidação da torcida local.

Gremio x Lanus

Vitória da determinação do elenco (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Arbitragem vigarista

Não poderia haver melhor definição para a arbitragem na Arena, que afanou o Grêmio. Novamente, pela 3ª vez na Libertadores, o Lanús sai beneficiado, como já havia ocorrido nos dois jogos das semifinais. Tudo muito suspeito.

Como esperado, Bascuñán foi muito mal. Inexperiente, sem pulso e com marcações confusas, não coibiu a cera técnica do Lanús. Mas o mais grave é que teve influência na decisão. Primeiro por tirar Kannemann da volta, com um absurdo cartão amarelo na jogada em que Kannemann foi empurrado e nada fez. Segundo por 2 pênaltis sonegados ao Grêmio, sendo um clarríssimo em Jael. Dois lances onde o recurso de vídeo se fazia necessário, mas incrivelmente não foi utilizado.

Roteiro semelhante ao vivido pelo River Plate, assaltado frente ao Lanús em outro lance de pênalti não marcado. Como bem gritou Romildo Bolzan, nos vestiários da arbitragem, foi uma arbitragem vigarista.

Na coletiva, Bolzan foi contundente na crítica ao ocorrido, colocando em suspeita o recurso do vídeo, devido ao histórico de benefícios ao clube argentino, que goza de fácil acesso nas entranhas da Conmebol.

“Passei a ter suspeição. Eu tenho que duvidar. O lance foi claríssimo, cristalino, típico. Se tem duas avaliações e ainda pode usar o vídeo, e não se aplica a regra, o que vou fazer?”

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Edilson, Pedro Geromel, Kannemann e Cortez; Arthur e Jailson (Cícero, 26’/2ºT); Ramiro, Luan e Fernandinho (Éverton, 12’/2ºT); Barrios (Jael, 29’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

LANÚS: Andrada; Gómez, García, Braghieri e Velázquez (Aguirre, 34’/2ºT); Marcone, Martínez e Pasquini; Alejandro Silva, Sand e Acosta
Técnico: Jorge Almirón

Libertadores 2017, final, jogo de ida
22/11/2017, quarta, 21:45
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 55.188 (51.256 pagantes)
Renda: R$ 6.526.427,00
Árbitro: Julio Bascuñán (CHI)
Auxiliares: Carlos Astroza (CHI) e Christian Schiemann (CHI)
Árbitro VAR: Jesús Valenzuela (VEZ)
Cartões amarelos: Kannemann, Jailson e Cícero (GRE); Acosta, García, Velázquez e Braghieri (LAN)
Gol Grêmio: Cícero (37’/2ºT)

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