Brasileiro 2018 – 8ª rodada – Grêmio 0 x 0 Fluminense

 

Gremio x Fluminense

(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Gremio x Fluminense

(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Gremio x Fluminense

(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Madson (Thaciano, 39’/2ºT), Bressan, Kannemann e Cortez; Maicon, Cícero, Lima (Pepê, 18’/2ºT), Luan, Everton, André (Thonny Anderson, 38’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

FLUMINENSE: Júlio César; Renato Chaves, Nathan, Luan Peres e Gilberto (Mateus Norton, 32’/2ºT); Richard, Jadson, Dodi (Douglas, 32’/2ºT), Sornoza, Marlon e Pedro (João Carlos, 12’/2ºT)
Técnico: Abel Braga

Brasileiro 2018, 1º turno, 8ª rodada
30/05/2018, quarta, 21:45
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 20.044 (18.194 pagantes)
Renda: R$ 510.968,00
Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira (SP)
Auxiliares: Alessandro Alvaro Rocha de Matos (BA) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)
Cartões amarelos: Kannemann (GRE); Renato Chaves, Nathan, Dodi, Douglas e Sornoza (FLU)

 

Brasileiro 2018 – 7ª rodada – Ceará 0 x 1 Grêmio

Gremio x Parana

(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Gremio x Parana

(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

CEARÁ: Éverson; Samuel Xavier, Rafael Pereira (Valdo, intervalo), Luiz Otávio e Romário; Juninho, Richardson, Ricardinho (Douglas Coutinho, 22’/2ºT), Wescley, Felipe Azevedo (Hyuri, intervalo) e Élton
Técnico: Jorginho

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura (Lima, 12’/2ºT), Bressan, Kannemann e Cortez; Maicon (Thonny Anderson, 33’/2ºT), Jaílson, Cícero, Ramiro, Everton, André (Thaciano, 19’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

Brasileiro 2018, 1º turno, 7ª rodada
27/05/2018, domingo, 19:00
Estádio Castelão, Fortaleza
Público pagante: 14.012
Renda: R$ 128.138,00
Árbitro: Wagner Reway (MT)
Auxiliares: Alessandro Alvaro Rocha de Matos (BA) e Eduardo Gonçalves da Cruz (MS)
Cartões amarelos: Samuel Xavier, Richardson, Wescley e Elton (CEA); Ramiro e Everton (GRE)
Gol Grêmio: Thonny Anderson (35’/2ºT)

Libertadores 2018 – 6ª rodada – Grêmio 1 x 0 Defensor

A vitória magra de 1 x 0 sobre o Defensor alçou o Grêmio à liderança final do seu grupo e garantiu a segunda melhor campanha na Libertadores. Possibilitou assim que o tricolor fuja, nas oitavas, dos líderes de grupos e, principalmente, dos clubes brasileiros, que tendem a equilibrar demais um futuro confronto.

O objetivo foi cumprido para a Libertadores, assim como já havia sido feito na Copa do Brasil, e o Grêmio tem agora a parada da Copa do Mundo para retomar as forças antes das fases quentes das Copas. E pelo que se viu novamente na Arena esta parada virá em boa hora.

O time repetiu o mesmo nível das últimas atuações e não conseguiu retomar o bom futebol que já apresentou em 2018. Apesar do desconto que se deve dar a Renato pelas dificuldades que vem enfrentando na montagem do time, não é espectável que o Grêmio jogue tão mal e em sequência.

Portaluppi teve de escalar um misto de titulares e reservas e até mesmo improvisar em algumas funções. Não pode contar com os lesionados Everton, Arthur, Alisson, Michel, Jael e Hernane, além do poupado Cortez, do convocado Geromel e do não inscrito André. Cinco titulares e quase todas as opções de ataque fora de combate.

Teve assim de improvisar outra vez Thonny Anderson de centroavante e durante o jogo usou até mesmo Kannemann como quebra galho na lateral esquerda. Mas a sua escolha mais controversa foi a manutenção de Maicosuel como titular, ignorando todo o retrospecto anterior de péssimas atuações do atacante.

Com um lado esquerdo completamente inoperante na criação de jogadas, com a dupla Maicosuel e Oliveira, o Grêmio ficou “torto” no jogo, forçando quase todas as jogadas no lado direito. Por ali Léo Moura cresceu e apareceu bastante na linha de fundo, mas não conseguiu ser preciso e decisivo nos cruzamentos.

Sem qualidade no apoio lateral e nem presença na área o Grêmio ficou preso no seu jogo de circulação de bola pelo meio, onde Maicon, Cícero e Luan tiveram que se desdobrar para furar o 5-4-1 bem organizado do Defensor. O time uruguaio repetiu a postura recuada de Inter, Monagas e Paraná e bloqueou o Grêmio, afastando Luan da zona de perigo e impedindo as infiltrações gremistas na área.

Gremio x Defensor

Cícero segue no seu crescimento atual, muito participativo (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O resultado foi que o time não finalizou a gol na primeira etapa, apesar dos absurdos 83% de posse de bola e 366 passes certos. Do outro lado o adversário deu aula de objetividade e conseguiu duas finalizações de perigo, apesar dos seus míseros 41 passes certos e 17% de posse no período inicial.

A mudança inicial do time deveria ter vindo já no intervalo, com a troca de Maicosuel por Lima, mas incrivelmente o “mago”  ganhou mais minutos para irritar os torcedores. As dificuldades gritantes para reter a bola, passar e até mesmo correr chamam a atenção em Maicosuel, que parece um jogador amador frente a seus colegas. Apenas aos 10 minutos Renato se convenceu da inutilidade da sua escolha e fez a troca.

Por mais que Lima não seja um craque diferencial ao menos ele dá maior movimentação ao time e sabe infiltrar na área. Em pouco tempo melhorou o apoio pela esquerda e passou a confundir a defesa ao trocar de posição com Thonny pelo centro da área.

A pressão aumentou, mas não foi suficiente para criar situações de perigo. Tudo mudou quando o Grêmio fez finalmente o óbvio e, pasmem, chutou em gol! Logo na primeira finalização certa surgiu a vantagem no placar, algo que naquela altura do jogo só poderia ser construída a partir dos pés certeiros de Luan. Já eram perigosos 20 minutos da etapa final e a vantagem enfim trouxe tranquilidade ao time e assegurou a liderança no grupo. A partir daí foi questão de passar o tempo e nada mais relevante aconteceu.

Gremio x Defensor

Na hora decisiva ele aparece (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Foi o 65º gol de Luan pelo Grêmio e o seu 33º na Arena, onde reina absoluto como artilheiro máximo do estádio. Foi também o 11º gol de Luan em Libertadores (jogou em 2014, 2017 e 2018), superando os 10 gols marcados por Rodrigo Mendes em 2002. Fica agora a 5 gols de superar os 15 marcados por Jardel (1995 e 1996) e se tornar o maior marcador gremista em Libertadores. A jornada também marcou a quebra de recorde de vitórias de um clube brasileiro em Libertadores. Agora o Grêmio lidera isolado com 91 vitórias, contra 90 do São Paulo.

Onde foi parar a objetividade?

De louvável no Grêmio de Renato está o claro padrão de jogo, que tem se repetido mesmo com muitos desfalques. O time segue controlando todos os adversários com o mesmo estilo de construção de jogadas pensadas e foco nas roubadas de bola no seu ataque, o que afasta riscos de sofrer uma derrota. Este é um bom indicativo para enfrentar eliminatórias de Copas, onde a segurança defensiva é fundamental. Mas insuficiente se não for complementado com alternativas ofensivas para furar retrancas.

Gremio x Defensor

Não passa nada (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O chute solitário de Luan precisa aparecer mais em outros jogadores, como Maicon, Cícero e Thonny Anderson. O time não pode se limitar a ter a posse e basear seu jogo apenas em jogadas de segurança de trocas de passes laterais. É necessário dar mais objetividade ao time e talvez a falta de confiança momentânea esteja dificultando neste ponto, nada que uma boa conversa com Renato não possa resolver.

Assim como o apoio na linha de fundo precisa ser redescoberto. São pontos que minguaram com as ausências de Everton, Alisson e até mesmo Jael, que fazia bem o papel de empurrar a defesa área adentro e abrir espaços para infiltrações dos meias.

Nas oitavas da Libertadores a tendência é do Grêmio enfrentar times mais abertos e que também busquem o ataque, o que vai facilitar na criação. Talvez enfrentar um clube de maior tradição nesta fase seja positivo e o jogo tricolor volte a fluir. Como possíveis adversários do sorteio restam no momento:

  • Boca Juniors, Racing, Tucumán, Flamengo e Cerro Porteño (já garantidos como vice dos grupos), além dos prováveis classificados Estudiantes, Independiente e Bolívar.

Com 5 times argentinos entre os 8 classificados é enorme a chance do Grêmio iniciar o confronto das oitavas com um duro confronto no país vizinho, revivendo os duelos de 2017 contra Lanús e Godoy Cruz. Mesmo os outros possíveis adversários não são desprezíveis e praticamente só há times de tradição no caminho do título, configurando uma das mais equilibradas e imprevisíveis Libertadores dos últimos anos.

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura, Bressan, Kannemann e Marcelo Oliveira (Paulo Miranda, 27’/2ºT); Cícero, Maicon, Ramiro, Luan, Maicosuel (Lima, 9’/2ºT) e Thonny Anderson (Thaciano, 38’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

DEFENSOR: Matias Rodriguez; Mathias Suárez, Carrera, Correa e Maulella; Cougo, Cardacio, Rabuñal (Pablo López, 36’/2ºT), Cabrera, Benavidez (Facundo Castro, 42’/2ºT) e Waterman (Germán Rivero, 22’/2ºT)
Técnico: Eduardo Acevedo

Libertadores 2018, fase de grupos, 6ª rodada
23/05/2018, quarta, 19:15
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 18.051 (16.189 pagantes)
Renda: R$ 471.869,00
Árbitro: Nicolás Gallo (COL)
Auxiliares: Humberto Clavijo (COL) e Dionisio Ruiz (COL)
Cartões amarelos: Bressan, Maicon, Ramiro e Luan (GRE); Suárez, Carrera, Cougo, Cabrera e Benavidez
Gol Grêmio: Luan (20’/2ºT)

Brasileiro 2018 – 6ª rodada – Paraná 0 x 0 Grêmio

Empate que define campeonato

Ao perder dois pontos frente ao Paraná, o lanterna do campeonato e provavelmente o time mais fraco da competição, o Grêmio começa a definir o seu campeonato Brasileiro, para novamente não disputar o título. Por mais que estejamos apenas na 6ª rodada são resultados como este que marcam uma campanha fracassada nos pontos corridos, onde times que disputam o título estão proibidos de perder pontos fáceis. Aliado a isto, o fraco início do time no Brasileiro e o histórico de falta de foco no campeonato indicam uma tendência de que o Grêmio realmente começa a ficar fora da disputa.

Para piorar o cenário o jogo ainda reforçou a ideia de que o Grêmio começa a mostrar problemas para superar times fechados na defesa, sem conseguir criar soluções contra times bastante limitados. Desde o gre-nal, passando pelo jogo contra o Monagas até o Paraná, fica evidente que o jogo gremista tem sido insuficiente para vencer, por mais que nestas 3 partidas o tricolor tenha dominado a posse de bola e as ações, praticamente sem sofrer riscos de perder.

Muito se deve ao próprio estilo de jogo gremista, tão marcado na alma de cada jogador, ao ponto que o time parece estar ficando preso a ele e sem variações. A exuberância da saída de bola bem trabalhada e o controle no meio-campo com passes precisos e riscos reduzidos começa a ficar manjada frente a times que não mostram preocupação em jogar recuado e abdicar de atacar o Grêmio, com um claro objetivo de apenas não perder.

O Paraná, assim como o Inter, entrou disposto a marcar o Grêmio e fechar todos os espaços, posicionando todos os jogadores no seu campo e se fechando com boa organização. Já o Grêmio seguiu no seu papel de dominante, com a posse de bola superando os 75%, mas sem jamais conseguir infiltrar na área e com extremas dificuldades para finalizar. Ao todo o time de Renato teve somente duas finalizações em gol, sendo ambas nos minutos finais do jogo e já no desespero pela vitória.

Antes disso o time sucumbiu na criação e esteve amarrado na marcação adversária. Luan, novamente preso, teve que recuar para buscar o jogo e tirou opções de passe na frente da área, apesar de demonstrar muita disposição em comandar o time. André, sumido entre os zagueiros, foi uma peça nula para abrir espaços na defesa, gerando até mesmo saudades de Jael. Pelos lados a única peça que se salvou foi Ramiro, atuando na sua média habitual. Já Maicosuel teve uma atuação vergonhosa (como esperado), totalmente disperso.

Gremio x Parana

A fim de jogo, mas preso na marcação (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

No meio-campo o grande problema, com a falta de velocidade dos volantes para encontrarem espaços e fazer o jogo fluir. Maicon acabou atrapalhando o time com o seu excesso de zelo para fazer o passe e a necessidade de sempre “carimbar” a bola ao invés de dar velocidade ao jogo. Jaílson foi uma má escolha de Renato, pois ficou claro que o meio precisava de um jogador mais ofensivo e o seu poder de marcação foi inútil no contexto da partida.

Gremio x Parana

Maicon não conseguiu fazer o jogo fluir (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O jogo se desenhou assim desde os minutos iniciais, mas Renato demorou demais para mudar o time e tornar o estilo gremista mais direto e menos acadêmico. Somente aos 24’/2ºT foi que desistiu de Maicosuel e Jaílson, colocando Pepê e Cícero na equipe. Foi a partir daí que o Grêmio criou suas melhores situações, mas ficou sem “pernas” para criar uma pressão mais forte. Cícero passou a lançar e inverter o jogo como mais rapidez e Pepê deu uma opção de maior profundidade na esquerda.

Mas a mudança que realmente contribuiu para a melhora final foi o recuo de Ramiro para a lateral e a entrada de Lima na vaga de Léo Moura, repetindo a formação do final do jogo contra o Monagas. O Grêmio ganhou um apoio mais efetivo pela direita e não por acaso as duas melhores chances do jogo surgiram com cruzamentos de Ramiro, perdidos no cabeceio de Lima e no carrinho de Cícero. O mais revelador do atual momento do time é que as duas melhores chances foram em jogadas que fogem do estilo de passes e tentativas de infiltrações pelo meio, mas sim em cruzamentos diretos.

Isto mostra que o repertório de ataque gremista precisa de mais opções e variações nas partidas. Começa por Renato ser mais rápido em observar as dificuldades do time e não apostar em jogadores como Maicosuel, uma escolha cada vez mais sem sentido. Mas passa também pelos jogadores perceberem que precisam ser mais objetivos e arriscar jogadas fora do comum, a grande contribuição que Everton dá e que vem sendo sentida após sua lesão. A qualidade do passe não pode se tornar o objetivo final do time, mas sim um meio para gerar espaços e finalizações.

PARANÁ: Thiago Rodrigues; Júnior (Alemão, 40’/2ºT), Neris, Cléber e Mansur; Leandro Vilela (Léo Itaperuna, 26’/2ºT), Jhonny Lucas, Torito González, Caio Henrique (Alex Santana, 33’/2ºT), Silvinho e Carlos
Técnico: Rogério Micale

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura (Lima, 33’/2ºT), Bressan, Kannemann e Cortez; Maicon, Jaílson (Cícero, 25’/2ºT), Ramiro, Luan, Maicosuel (Pepê, 24’/2ºT) e André
Técnico: Renato Portaluppi

Brasileiro 2018, 1º turno, 6ª rodada
20/05/2018, domingo, 16:00
Estádio Durival Britto, Curitiba
Árbitro: Rodrigo Batista Raposo (DF)
Auxiliares: Daniel Henrique da Silva Andrade (DF) e Luciano Benevides de Sous (DF)
Cartões amarelos: Jhonny Lucas e Carlos (PAR); Pepê (GRE)

 

Libertadores 2018 – 5ª rodada – Monagas 1 x 2 Grêmio

Vitória pela liderança

O Grêmio viajou à Venezuela com um elenco composto por poucos titulares, em outro momento de preservação escolhido por Renato. Desta vez, entretanto, o técnico montou uma equipe mista e fugiu da sua ideia habitual de escalar time todo reserva quando poupa os titulares. Assim, antes de tudo, é necessário aplaudir a estratégia de Renato, pois manteve uma base forte de time neste rodízio de jogadores.

Do time titular praticamente só os defensores foram a campo, enquanto o meio e ataque foram formados por reservas. Nada que preocupasse muito, afinal o adversário era o time mais fraco do grupo na Libertadores.

Antes do jogo iniciar o Grêmio soube da vitória do Cerro frente ao Defensor, o que obrigava o tricolor a vencer o Monagas para seguir na liderança. Neste caso, classificando em primeiro lugar, o benefício evidente seria fugir dos demais líderes de grupos nas oitavas, times fortes como Palmeiras, Corinthians, Santos, River Plate e Racing, por exemplo.

A necessidade da vitória não fez bem ao Grêmio e tirou a naturalidade do time para criar. A falta de inspiração gremista e o péssimo gramado contribuíram para uma partida ruim e o time teve poucas chances para marcar gols.

Na melhor delas, logo aos 8 minutos, Alisson chutou por cima do gol, ao receber cruzamento dentro da área. Apenas 2 minutos depois Alisson sentiu uma lesão muscular e teve que ser substituído por Maicosuel. A partir daí o ataque perdeu ainda mais em capacidade e inteligência na criação.

No primeiro tempo houve ainda duas boas chances perdidas por Thonny Anderson, ao chutar pelo lado, e por Cícero, ao cobrar uma falta na trave. No final, coube a Grohe salvar o time, utilizando seu vasto repertório de defesaças decisivas em Libertadores.

Gremio x Monagas

Força defensiva mantida no misto de Renato (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Renato manteve o time na segunda etapa e o cenário não mudou. O time sofria para entrar na área do Monagas e se limitava a girar a bola entre o meio e as laterais. Faltava o apoio mais agudo dos laterais, para abrir o jogo e fugir um pouco do jogo excessivo pela centro. Madson fez outra partida tímida, como no gre-nal, e não deu opção de jogadas trabalhadas pela direita. Já Cortez cresceu no segundo tempo e logo aos 2 minutos fez ótima jogada que quase resultou em um gol contra do Monagas.

No meio-campo Michel e Jaílson tiveram boa movimentação, mas não conseguiram ser úteis ao ataque. O destaque ficou, outra vez, com Cícero, que comandou o time. Assim como no jogo dos reservas contra o Goiás, Cícero foi bem na movimentação, deu mais passes e finalizou bastante, mostrando um crescimento interessante de uma peça importante do elenco.

Thonny Anderson esteve outra vez discreto, improvisado e no sacrifício como referência do ataque. A bola pouco chegou nele e as tentativas de usá-lo como pivô para chegadas pelo meio da área esbarravam na marcação e nos buracos do gramado.

Renato demorou mas mudou acertadamente o time, ao recuar Ramiro para a lateral e trocar Madson por Lima. Ganhou assim, finalmente, a profundidade pela direita e uma jogada mais pensada com o apoio de Ramiro. Não por acaso logo o Grêmio abriu o placar, quando Lima puxou a marcação para dentro da área e Ramiro teve espaço para avançar e chutar de fora da área. Gol da redenção!

Gremio x Monagas

Motorzinho Ramiro (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Ledo engano… O placar favorável tirou o pouco ânimo que restava ao time para atacar e o Grêmio tentou administrar a vitória até o final. Não teve mais chances de gol e viu Grohe novamente salvar o time, em outra combinação de perigo do Monagas dentro da área.

Aos 46 minutos veio o castigo pela má atuação e o empate do Monagas parecia uma provocação do destino. Ia embora a liderança e o Grêmio passava a complicar o confronto das oitavas e o futuro na Libertadores. Gol contra de Kannemann, após Ramiro ser vencido em jogada invidual. Nem Grohe poderia salvar o fogo amigo.

Havia ainda um minuto de jogo para buscar o gol e o Grêmio acreditou. Como um clube irresignado que é e especialista na loucura que a Libertadores proporciona, o Grêmio foi ao ataque, guiado por doses irrestritas de imortalidade.

O time fugiu do script normal de trocas de passes e lançou a bola na área. Se não dava na técnica teria de ser na força e o time entrou em bloco na zona de perigo. Cortez conseguiu apararar o lançamento e cabeceou para a pequena área, lembrando o lance do gol contra o Lanús, pela final de 2017. E lá estava outra vez o iluminado Cícero, o cara dos gols importantes, para receber o tranco do zagueiro e garantir um pênalti salvador.

Gremio x Monagas

Jogo encardido? Toca nele! (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Aos 51 minutos de jogo quem teria coragem para encarar a cobrança? Sem os batedores oficiais, Luan e Maicon, e sem Cícero, machucado na falta recebida, a responsabilidade seria de quem tivesse mais cojones.

Coube a um inesperado cobrador se habilitar e Jaílson se agigantou ao pegar a bola e pedir para bater. Surpreendeu a todos, pois nunca havia cobrado pênalti pelo Grêmio, mas começou literalmente com o pé direito. Com um chute chute forte e bem colocado no canto oposto do goleiro, como manda o protocolo, Jawilson Smith por fim deu a vitória ao tricolor.

Gremio x Monagas

Um maluco na Venezuela (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Os 3 pontos classificam e mantêm o Grêmio na liderança do grupo. Resta ainda vencer o Defensor, na última rodada, para garantir a vantagem sobre o Cerro. A vitória marca também a história do Grêmio na Libertadores, pois agora o clube está empatado com o São Paulo como o time brasileiro que mais venceu na competição, mas lidera com melhor aproveitamento:

  • Grêmio – 174 jogos – 90V, 38E e 46D – 60,1%
  • São Paulo – 183 jogos – 90V, 44E e 49D- 58,6%
  • Palmeiras – 167 jogos – 87V, 32E e 48D- 58,5%
  • Cruzeiro – 153 jogos – 87V, 30E e 36D – 63,6%

De negativo fica a lesão muscular de Alisson, que tende a ser grave e afastá-lo por bastante tempo. Aliada às lesões de Everton e Arthur, além da convocação de Geromel para a Copa do Mundo, o Grêmio perde 4 opções titulares logo de uma só vez. Complica a situação do time até a parada da Copa e Renato terá que se desdobrar para manter o nível de atuações. Na meia esquerda não há como confiar em Maicosuel como opção e esta deve ser a maior dor de cabeça de Portaluppi a partir de agora.

MONAGAS: Baroja; Ismael Romero, Chacón (Palacios, 5’/2ºT), Trejo e Óscar González; Agnel Flores, Carlos Suárez, Javier García, Luis González, Cádiz e Christian Flores (Reyes, 20’/2ºT)
Técnico: Jhonny Ferreira

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Madson (Lima, 20’/2ºT), Pedro Geromel, Kannemann e Cortez; Michel, Jaílson, Ramiro, Cícero, Alisson (Maicosuel, 10’/1ºT) e Thonny Anderson (Thaciano, 30’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

Libertadores 2018, fase de grupos, 5ª rodada
15/05/2018, terça, 21:30
Estádio Monumental de Maturin, Maturin
Árbitro: Fernando Rapallini (ARG)
Auxiliares: Gustavo Rossi (ARG) e Christian Navarro (ARG)
Cartões Amarelos: Óscar González, Javier García e Christian Flores (MON); Madson (GRE)
Gols Grêmio: Ramiro (23’/2ºT) e Jaílson (pênalti, 51’/2ºT)
Gol Monagas: Kannemann (contra, 46’/2ºT)

Brasileiro 2018 – 5ª rodada – Grêmio 0 x 3 Arbitragem

O Grêmio 2018 finalmente encontrou um adversário a sua altura no clássico gre-nal e foi parado na Arena. Não pelo tradicional rival, que hoje em dia está longe de representar algum perigo no enfrentamento, mas pelo comandante da partida. A vitória não veio, apesar do amplo domínio técnico e físico gremista, graças a uma atuação calamitosa do árbitro Wilton Pereira Sampaio, que comandou um dos maiores assaltos que a Arena já viu! Definiu o resultado e beneficiou imensamente o Inter ao não marcar dois pênaltis claros para o Grêmio, além de um terceiro interpretativo de bola na mão, bem como deixou de expulsar Patrick e punir a cera praticada pelo adversário durante toda a partida.

Time grande contra time pequeno

O Gre-nal 416 vai ficar marcado na história por muitos motivos e serviu para deixar clara a diferença gritante que hoje existe entre os dois rivais do Rio Grande do Sul. Dentro e fora de campo, nunca houve tamanha superioridade de um clube sobre o outro como a que o Grêmio impôs ao Inter.

Primeiramente ficará marcado pela última homenagem ao eterno presidente Fábio Koff, ovacionado pela Arena lotada antes da partida iniciar. As camisas do Grêmio ostentaram um agradecimento impresso de “Obrigado, Fábio Koff” e as faixas pretas em cada jogador gremista lembravam que o clube estava em luto. Do lado vermelho nada, nenhuma faixa de luto, nenhum respeito ao maior dirigente que o Rio Grande do Sul já teve e que inclusive aconselhou dirigentes vermelhos nas suas maiores conquistas. Um detalhe que mostra a falta de grandeza latente deste Inter e sua gente.

Grenal 416

Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Dentro de campo o gre-nal será para sempre lembrado pelo absoluto controle gremista da partida, talvez o maior já visto na história do clássico e bem representado pela diferença de posse de bola: 67% para o Grêmio, contra 33% do rival. O tricolor não apenas controlou a posse como teve também as únicas situações para marcar gols, desperdiçadas por André, Madson e Geromel, além dos 3 lances de pênaltis sonegados.

Foi um jogo de um time só, em que apenas o Grêmio se dispôs a buscar o gol e vencer. Do time que luta pelo título em todas as competições e que precisava dos 3 pontos contra o time medíocre que está no campeonato apenas para fugir do retorno à séria B. Ou como muito bem disse Renato, ao final do jogo, “foi um jogo de time grande de primeira divisão contra um de segunda divisão”.

Desde o início da partida ficou claro que o Inter estava em campo para marcar o Grêmio e fazer o tempo passar, na tentativa de buscar um empate que pode ser diferencial para o seu não rebaixamento. Danilo Fernandes fez cera logo nos primeiros minutos e escancarou o tamanho do time colorado. Apesar disso, incrivelmente não foi punido pelo medroso árbitro.

O Grêmio fazia a sua parte e seu jogo habitual. Sentiu muito a falta do preservado Léo Moura e do suspenso Ramiro, tendo um lado direito totalmente reserva e desencaixado da dinâmica que o time precisava para abrir uma retranca. Madson parecia com medo de tentar passes ofensivos e ia ao apoio apenas quando tinha muito espaço para fazer sua jogada de velocidade. Já Alisson ficou isolado na ponta e não ajudou na construção dos volantes, como Ramiro costuma fazer. Isto prejudicou ainda mais a saída de bola, onde Arthur e Maicon estavam bem marcados e sobrecarregados.

O efeito borboleta gerado pela marcação nos volantes foi um recuo de Luan para ajudar na criação e o seu afastamento da região onde mais cria perigo, na frente da área. Assim o time todo desencaixou no que tem de melhor e as infiltrações do ataque minguaram. No lado esquerdo o jogo fluiu melhor e Cortez esteve bem no apoio, participando do lance capital do gre-nal, quando invadiu a área e só foi parado por um nítido agarrão de Fabiano. Pênalti de concurso e que um árbitro corajoso marcaria sem problemas.

No segundo tempo o Grêmio pressionou ainda mais e conseguiu criar situações mais claras para marcar. Logo no primeiro minuto André perdeu na pequena área a melhor chance do jogo, ao chutar por cima um cruzamento de Luan. Aos 3 minutos, Patrick (que já tinha amarelo), interrompeu um avanço de Luan com um puxão de camisa, mas não foi punido com a expulsão, em outro lance que Wilton Pereira teve medo de se incomodar. Aos 10 minutos, ocorreu o segundo pênalti sonegado ao Grêmio, após Luan ser atropelado por Patrick, aquele que nem deveria estar em campo mais.

No final do jogo houve ainda 2 lances decisivos, onde o Grêmio poderia ter marcado. No primeiro deles Madson avançou no apoio pela direita e tentou o cruzamento, interceptado com a mão de Cuesta na bola. Lance de interpretação, mas que poderia ser o terceiro pênalti não marcado para o tricolor. Aos 35 minutos o mesmo Madson aproveitou um escanteio e cabeceou para a defesa do goleiro. No rebote Geromel não conseguiu alcançar a bola e perdeu a última chance de abrir o placar.

Grenal 416

Geromel teve a bola para marar (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Final de jogo quente

O clássico terminou com um amargo empate para o Grêmio, pelos 2 pontos desperdiçados frente a um adversário tão fraco. Prejudica a campanha para o título pois agora o tricolor acumula apenas 5 pontos em 9 disputados na Arena e precisa rapidamente voltar a vencer no Brasileiro. No final da partida o Inter conseguiu o  objetivo condizente com a sua altura, que é no máximo o de comemorar um empate na Arena.

Foi aí que D’alessandro apareceu no clássico, após se esconder no banco de reservas durante o jogo por um suposto “desconforto muscular”. O arruaceiro invadiu o gramado para discutir com os jogadores do Grêmio e acertou um soco em Luan, mostrando que sua única serventia como ex-jogador é mesmo arrumar confusão. Uma pena que D’alessandro tenha medo de mostrar sua valentia dentro do campo de Arena e se conforme com esse papel ridículo. Talvez o trauma das goleadas sofridas em gre-nal esteja atrapalhando sua cabeça…

O final quente do clássico e a pavorosa atuação do árbitro tiraram do rumo até mesmo o ponderado presidente Romildo Bolzan, que no fim do jogo soltou o verbo. Prometeu inclusive reclamar junto à CBF sobre a atuação prejudicial da arbitragem: “Houve três lances capitais: do Cortez, a mão e do Luan. Examinamos as três situações, muito claras de pênaltis. Uma vez é do jogo. Duas vezes, há suspeição. Mas três vezes é absolutamente inoperante, incompetente, mas, pelos precedentes, pode ser má-fé.” E depois completou:  “Eu acabei de ver a imagem. Um jogador que é reincidente, provocador, arruaceiro, vai ao campo, dá problemas e dá um soco no adversário. Você quer que eu diga o quê? O árbitro nem isso viu. Estava com um problema oftalmológico”.

Lições que ficam

O empate no clássico serve para devolver ao Grêmio a sensação de que não é imbatível e deixa a lição de que a superioridade técnica nem sempre vai se converter em vitórias. Por vezes o adversário terá méritos em equilibrar a disputa com o tricolor e um bom time pode sim nos tirar pontos. Em outras ocasiões um árbitro poderá ter influência no resultado e ser decisivo para desequilibrar o jogo. Talvez não na Libertadores, com o uso do VAR, mas em competições nacionais o risco é evidente.

Cabe ao Grêmio ter mais soluções para estes possíveis problemas, como por exemplo não entrar tanto no antijogo do adversário e cobrar mais fortemente a punição por cera técnica. Além disso trabalhar opções de mudança de estilo do time quando enfrenta retrancas, principalmente na Arena. A tendência é que isso se repita por toda a temporada, como o Atlético-PR e o Santos já haviam feito.

Grenal 416

Arthur esteve abaixo do seu normal (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

No gre-nal faltou um jogo mais direto, que tire a bola dos volantes e entregue mais rapidamente a atacantes como Everton e Alisson, para forçarem a jogada individual. Arthur e Luan exageraram na condução e muitas vezes sofreram roubadas de bolas que não estão acostumados. Não conseguiram mudar o estilo durante o jogo e fazer como Maicon, que foi mais objetivo e direto na criação de jogadas. Faltou também mais chutes de fora da área, a solução mais óbvia para abrir defesas e que havia funcionado contra o Santos.

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Madson, Pedro Geromel, Kannemann e Cortez; Maicon, Arthur (Cícero, 38’/2ºT), Alisson, Luan, Everton (Lima, 39’/2ºT) e André (Thonny Anderson, 33’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

INTER: Danilo Fernandes; Fabiano, Cuesta, Moledo e Iago; Rodrigo Dourado, Rossi (Juan Alano, 17’/2ºT), Zeca (Gabriel Dias, 26’/2ºT), Patrick e Lucca; Leandro Damião (Brenner, 37’/2ºT)
Técnico: Odair Hellmann

Brasileiro 2018, 1º turno, 5ª rodada
12/05/2018, sábado, 16:00
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 51.870 (48.035 pagantes)
Renda: R$ 1.636.169,00
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Auxiliares: Fabrício Vilarinho da Silva (GO) e Bruno Raphael Pires (GO)
Cartões amarelos: Kannemann, Maicon e André (GRE); Moledo, Patrick, Lucca e Leandro Damião (INT)

 

Imortais Tricolores: Fábio Koff (1931/2018)

Faleceu o maior de todos, o eterno presidente, expoente máximo das conquistas do Grêmio. O 10 de maio marca o passamento do dirigente que moldou a grandeza e elevou o clube de patamar, conquistando a América e o Mundo e dando o exemplo de gremismo a ser seguido por todos os torcedores e dirigentes.

Fábio André Koff pode não ser o maior presidente do clube, tendo como concorrência os patronos Hélio Dourado, Fernando Kroeff e  Aurélio de Lima Py, além de Saturnino Valenzotti, o propulsor do sonho do Olímpico. Mas com certeza é o presidente que mais trouxe glórias para a torcida, com conquistas em profusão nas décadas de 80 e 90. Além disso a história há de reconhecer a sua visão em alavancar Romildo Bolzan à presidência do clube, onde faz um trabalho incrível de recuperação da alma vencedora gremista, desde 2015.

Em paralelo a sua história no Grêmio, Koff ajudou a estruturar o futebol brasileiro, com a sua liderança frente ao Clube dos 13 e na tentativa de unir eternos rivais, fazendo os clubes brasileiros crescerem com objetivos comuns. Permaneceu por 10 anos na presidência da entidade, combatendo bravamente em favor dos clubes por melhorias esportivas e comerciais nas competições.

Por tudo isso e, principalmente, por sempre respeitar o Grêmio, o esporte, os adversários e sua gente, o velho Koff mora eternamente não só no coração dos gremistas, como também no respeito de torcedores adversários e no reconhecimento da sua contribuição para o futebol.

Mauro Mattos / Agencia RBS
Fábio Koff e sua coleção (Foto: Mauro Mattos/Agência RBS)

O presidente esteve no comando do clube em 4 diferentes mandatos, em 3 décadas distintas. Vivenciou as mais variadas fases no Grêmio e quase sempre teve influência direta em transformar o clube para melhor. Desde a crise com a torcida em 1982 para a redenção máxima em 1983, ou com a época de vacas gordas e títulos dos anos 90, até a crise financeira pós-Arena. Em comum nestas passagens esteve sempre em primeiro lugar o interesse do clube e a motivação em resolver os problemas. Fica registrada a frase célebre das suas memórias: “Dedico estas minhas memórias à absoluta maioria dos gremistas que servem ao clube, em vez de se servirem dele”

1982/1983 – As 3 estrelas

Na sua primeira gestão no comando do clube Koff conquistou os maiores títulos possíveis, a Libertadores e o Mundial, sendo ainda vice-campeão Brasileiro no ano de estreia. E foi justamente a partir da perda do título nacional que a conquista do mundo teve início. Koff vislumbrou a necessidade de alterar o perfil do time, que tinha qualidade, mas não o brio necessário para encarar jogos encardidos pela América.

Remontou o elenco e sofreu enorme pressão da torcida e da oposição derrotada por ele na eleição. O clube fervilhava enquanto Koff perdia o técnico campeão brasileiro Ênio Andrade. Trouxe, primeiramente, em 1982, o treinador Carlos Castillo, que fracassou no Gauchão daquele ano. Na virada para 1983 apostou no ex-atleta do clube e então treinador do Esportivo, Valdir Espinosa, e estabeleceu como prioridade a conquista da Libertadores, ao lado de Galia e Petry na direção de futebol.

Do elenco de 1982 mandou embora Leão (com quem havia se desentendido), trocou Baltazar por Tita com o Flamengo, negociou Paulo Isidoro, Batista e Vilson Tadei, para trazer futuras lendas gremistas como Osvaldo e depois Mazaropi, além de aproveitar imensamente as categorias de base do clube, com os exemplos maiores de Renato e Baidek. Com extrema sabedoria soube montar um elenco altamente competitivo e com o DNA vencedor, identificando características que faltavam ao grupo e trazendo as soluções. Repetiria a dose em dezembro, desta vez para conquistar o Mundo, ao reforçar ainda mais o já poderoso conjunto de Espinosa com Caju e Mário Sérgio.

  • Libertadores 1993, Mundial 1983 e Copa Los Angeles 1983

1993/1996 – Hegemonia gremista

Koff retornou à presidência do clube após vencer a eleição de 1992, em substituição a Rafael Bandeira, que havia rebaixado e retornado o Grêmio à elite do Brasileiro. Eram dias de turbulência política e Koff pedia paz aos Conselheiros, para devolver o Grêmio ao caminho dos títulos. Novamente um trabalho de reconstrução seria necessário e começaria pela escolha do homem do futebol, o companheiro Cacalo. O objetivo do Grêmio estava claro para Koff , a reconquista da América.

A primeira escolha de treinador foi Sérgio Cosme, uma experiência curta, mas que rendeu de cara uma final e o vice da Copa do Brasil. Na sequência veio Cassiá Carpes e o título estadual de 1993, algo que não ocorria há 2 anos. Cassiá não durou muito e a reposição desta vez foi certeira, apesar de um tanto aleatória.

Felipão passava férias em Caxias do Sul justamente no momento em que Cacalo teve um desentendimento com Cassiá e assim, por acaso, os caminhos entre Scolari, Koff e o Grêmio se cruzaram. A proximidade com o preparador físico Paulo Paixão facilitou o contato e Felipão foi contratado para fazer uma campanha de superação na volta à elite do Brasileiro 1993. A partir dali começou a surgir uma geração incrível das categorias de base gremista, que abasteceria o time pelos anos de glória seguintes.

Em 1994 o título de retomada no cenário nacional, do bicampeonato da Copa do Brasil, impulsionaria o sonho da Libertadores. Naquele ano a base do time já estava mais consolidada e as jovens revelações eram realidades no clube, exemplos de Danrlei, Roger, Luciano, Carlos Miguel, Arílson e Emerson. No Brasileiro a campanha foi ruim, mas serviu para mostrar as carências e preparar o time para o que viria em 1995.

A estratégia utilizada para reconquistar a Libertadores foi parecida com a de 1983, partindo de uma forte revolução na montagem do elenco. A experiência de jogadores vencedores da Copa como Dinho e Goiano, aliada ao talento de Paulo Nunes e Jardel e à força de Adílson, Rivarola e Arce deu a estrutura que faltava para os craques da base gremista brilharem e o que se viu foi a história de uma hegemonia tricolor ser construída.

Felipão ficou ao lado do companheiro Koff desde 1993 e somente saiu do clube ao lado do presidente, em 1996, após o fim do seu 3º mandato. Juntos eles moldaram o espírito copeiro do Grêmio, que virou símbolo do clube, e ajudaram a expandir novamente as fronteiras e a torcida tricolor. Deixaram o clube com as finanças sanadas, organizado e com uma base montada. Saíram com a missão cumprida e nada menos que:

  • Libertadores 1995, Brasileiro 1996, Copa do Brasil 1994, Recopa 1996, Gauchão 1995 e 1996, Copa Renner 1996, Troféu Peñas Valencianas 1996 e Sanwa Bank Cup 1995

2013/2014 – Uma dura salvação

Após passar com sucesso por todas as provações possíveis no Grêmio e resistir às mais diversas resistências, Koff teria uma última missão no seu 4º mandato do clube. Retornou aos holofotes para uma campanha política que visava retirar do poder do clube o grupo de Odone e reparar um problema que ameaçava gravemente o futuro do Grêmio.

Enfrentou de frente o conturbado relacionamento com a OAS e a gestão da nova Arena, para “salvar” o clube de um contrato danoso e impedir a cessão do Olímpico antes do final do imbróglio da Arena. Deu um duro e necessário golpe na torcida ao dizer que “a Arena não é nossa“, uma semana após o êxtase da inauguração do estádio. Infelizmente trouxe uma desmotivação enorme para quem via na Libertadores 2013 a chance de Koff comandar o tricolor para o inédito tricampeonato, tendo como cenário a pulsante casa nova. Mas assim deu o pontapé inicial para uma longa e penosa renegociação do contrato da Arena, deixando claro que o Grêmio estava insatisfeito e prejudicado.

O famoso aditivo do contrato entre a Arena e o Grêmio, em 2014, deu novo fôlego para as finanças do clube e possibilitou a visualização de um futuro mais tranquilo, ainda que longe do ideal na gestão do estádio. Ali Koff conquistava o seu último título pelo Grêmio, talvez o mais importante das suas três passagens.

Dentro de campo a sua última gestão sofreu para conquistar resultados melhores, atrapalhada por erros em contratações sem critérios e em investimentos que atrasaram a recuperação financeira do clube. A relação com Luxemburgo foi conturbada desde o início, quando Koff teve de ceder a uma renovação com um treinador que não era da sua preferência, pela pressão da torcida e da boa campanha de Luxa em 2012. Depois acertou com a volta de Portaluppi ao comando do clube, levando o time ao vice-campeonato Brasileiro, apesar das limitações e carências daquele elenco.

Renato Gaúcho beija Fabio Koff coletiva Grêmio (Foto: Edu Andrade/Agência Estado)
Um segundo pai para Renato (Foto: Edu Andrade/Agência Estado)

Para 2014 o Grêmio falhou em renovar com Renato e assim desperdiçou outra chance de conquistar a América, ao trazer o péssimo Enderson Moreira para comandar o clube. Novamente Koff remendou o problema na metade do ano, com a volta do velho companheiro Felipão. Um negócio que visava recuperar ambas as partes, ao dar uma chance de recomeço ao histórico treinador após o fracasso na Copa do Mundo e também reorganizar o clube com a capacidade de um treinador experiente e vencedor. A partir dali começou a ser montada a base vencedora de time, que seria aproveitada depois por Roger e por fim novamente por Renato.

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A dupla reunida em 2014

Antes do final do mandato em 2014, Koff organizou a sua sucessão para pacificar a vida política gremista e manter a reestruturação do clube. O escolhido para enfrentar este desafio foi Romildo Bolzan, na época membro do Conselho de Administração, mas ainda desconhecido para a torcida. O último esforço do já combalido presidente Koff foi o de encarar a eleição como pretendente à direção de futebol e assim dar credibilidade à chapa Bolzan.

Deu certo e o capital político de Koff garantiu uma vitória tranquila de Bolzan sobre Homero Bellini Júnior. O resto é história e vemos hoje Romildo Bolzan já consolidado como um dos maiores presidentes do clube.

Resta apenas agradecer a Koff pela dedicação de uma vida ao clube do seu coração. Terá suas glórias repetidas em novos títulos, pois deixou no clube o legado da irresignação e o DNA vencedor. Agora olha por todos nós lá de cima, ao lado de imortais como Hélio Dourado, Lara, Luiz Carvalho, Foguinho, Lupicínio…

Fábio Koff, ex-presidente do Grêmio Estádio Olímpico (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)
Imortal Tricolor (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)
“Tu não os vê, tu não os toca, mas estão presentes
Vários momentos inesquecíveis me veem a mente
Por isso Grêmio um campeonato somente te peço
Para os gremistas que lá do céu cantam comigo”

 

Copa do Brasil – Oitavas – Grêmio 3 x 1 Goiás

Em paz com a vitória

Ao confirmar o time composto inteiramente por reservas Renato permitiu nova chance de reabilitação ao elenco alternativo, que há dois anos vem decepcionando quando necessário. O histórico negativo da falta de vitórias dos reservas trouxe preocupação à torcida, temendo uma eliminação trágica e sabedora das dificuldades que a ausência dos titulares traz.

Mas o fato é que o Grêmio reserva fez finalmente as pazes com a vitória e ainda por cima trouxe algumas boas notícias nas experiências de Renato. O Goiás, atual 18º colocado da série B, não foi páreo para o tricolor, que agora passa para as quartas da Copa do Brasil e espera o final da Copa do Mundo para retomar a campanha do 6º título, o único hexa que interessa em 2018!

A vantagem dos 2 gols, obtidos no jogo da ida, dava tranquilidade ao Grêmio para fazer o seu jogo, sem precisar correr riscos. Isto colaborou desde o início para um jogo mais lúcido dos reservas e para o aumento da confiança.

Se percebeu uma melhora nas trocas de passes e na dinâmica de criação do time. Muito em função da ausência de pressão pela vitória, mas também pela marcação frouxa do Goiás, principalmente pelos lados do campo.

Quem melhor aproveitou essa facilidade foi Cícero, que fez talvez sua melhor atuação pelo Grêmio. Desempenhou aquilo que sempre foi cobrado, de ter uma movimentação mais participativa e chamar a responsabilidade para si. Na sua posição correta, como volante, ele distribuiu o jogo, liderou o time e se consagrou com duas assistências em seus típicos lançamentos longos.

Ficou claro que a jogada era aproveitar os espaços na defesa do Goiás, que saía em busca do seu gol, e encaixar infiltrações rápidas com as entradas de Maicosuel e Alisson. Foi assim que logo o Grêmio abriu o placar, com Cícero encontrando lançamento perfeito para Alisson dominar na área e bater no lado oposto do goleiro.

Gremio x Goias

Alisson tá comendo a bola (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O 1º tempo foi de uma boa atuação gremista, apesar de alguns erros primários de passes forçados e inversões de jogo, que mantinham o Goiás perto de recuperar uma bola e gerar perigo. Incompreensível que alguns jogadores façam isso neste time reserva, sendo que o mais indicado é a simplificação neste momento de incertezas.

No início da 2ª etapa o Goiás foi para a cartada final, adiantou seu ataque e pressionou o Grêmio. O jogador Michael foi fundamental para isso, ao entrar no intervalo pelo lado direito da defesa gremista e segurar o apoio de Madson. Por ali o Goiás ganhou vantagem numérica e chegou rapidamente ao empate, num golaço de Maranhão, criado após um dos bons apoios de Michael.

Foi o momento de instabilidade do time reserva no jogo, que parecia reviver o drama de jornadas anteriores e a dificuldade em segurar a vantagem. Aí apareceu a boa mão de Renato, ao colocar Pepê na vaga do apagado Maicosuel. Foi o contraveneno à tentativa do Goiás, devolvendo velocidade e presença ao ataque gremista.

Aos poucos o Grêmio voltou a dominar. Renato pôs em seguida Thaciano na vaga de Lima e a vantagem no placar foi reconquistada. Ótima jogada de Alisson pelo centro e passe para Thaciano marcar seu 1º gol pelo clube. No último minuto do jogo ainda houve tempo para Cícero repetir o lance do 1º gol e lançar novamente para a entrada de Alisson, de novo no meio da defesa goiana.

Gremio x Goias

A emoção do gol de Thaciano (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Os 3 x 1 devolvem a confiança ao time reserva, que tende a ser chamado mais um punhado de vezes durante a temporada e que precisava de uma boa referência de atuação. Descontada a fragilidade do Goiás, foi interessante o crescimento do conjunto, além da observação de alguns jogadores:

  • Alisson: joga no time errado e deveria estar entre os titulares. É o Everton de 2017, quase sempre decisivo quando joga e constante em boas atuações. Mas a concorrência com Ramiro é cruel, pela sua importância ao time e a confiança de Renato no pequeno gigante.
  • Cícero: melhorou em participação, mais ligado e solto no jogo. Tem uma movimentação que não se encaixa muito no time titular, pois não se oferece como opção de continuidade à jogada, após dar o passe, ao contrário dos exemplos de Maicon, Arthur e Luan. Assim o time fica mais preso na marcação e perde em capacidade de infiltração na área. Sua tentativa frequente de forçar lançamentos também difere do estilo do time titular e contra times mais fortes esta jogada não estava encaixando. Pode ajudar como opção do elenco, mas transforma demais a dinâmica do time atual.
  • Michel: atuação segura, mesmo improvisado na zaga. Torna-se uma boa opção de elenco, já que Paulo Miranda está lesionado e Geromel tende a desfalcar o time pela convocação à Copa do Mundo. Falta um teste mais forte nesta posição, mas aprovou nesta partida.

Gremio x Goias

Novo zagueiro? (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

  • Madson: foi muito bem contra o Goiás. Participativo no apoio e aproveitando os espaços que a partida mostrou. Sofreu na marcação de Michael e revelou novamente algumas dificuldades defensivas. Assim como Cícero, também não consegue se adaptar ao time titular, por sua dificuldade em jogar em espaço reduzido e em troca de passes. É útil justamente em partidas como esta, quando tem muito espaço para apoiar e usar a velocidade.
  • Maicosuel: tem cerca de 1 mes e meio para finalmente desempenhar um bom futebol, antes do fim do prazo do seu contrato inicial com o Grêmio. Após 30/jun o tricolor teria que pagar o seu salário na totalidade, o que seria totalmente injustificável hoje. Nem como opção de elenco Maicosuel tem sido útil, com desempenho inferior ao que já demonstraram, por exemplo, garotos como Pepê e Dionathã (já foi emprestado ao Paysandu). Até o momento se revela um jogador comum, com dificuldades no passe e em fugir da sua única jogada de correria, com a cabeça baixa. Renovar seu contrato hoje seria um desperdício de dinheiro e de possíveis oportunidades aos garotos da base.

Já Bressan, Jaílson e Marcelo Oliveira foram discretos, com os mesmos problemas e atributos de sempre. Thonny Anderson e Lima não aproveitaram a chance, talvez prejudicados pelo revezamento na função de “falso 9”. Parece que ambos ainda não encontraram suas posições ideais e seguem longe de deslanchar.

GRÊMIO: Paulo Victor; Madson, Bressan, Michel e Marcelo Oliveira; Cícero, Jaílson, Lima (Thaciano, 26’/2ºT), Alisson, Maicosuel (Pepê, 19’/2ºT) e Thonny Anderson (Vico, 38’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

GOIÁS: Marcelo Rangel; André Krobel, Edcarlos (Eduardo Brock, 20’/2ºT), David Duarte e Jefferson; Gilberto, Tiago Luís (Rafinha, 31’/2ºT), Samuel (Michael, intervalo), Maranhão, Carlos Eduardo e Jacó
Técnico: Augusto César

Copa do Brasil 2018, oitavas, jogo de volta
09/05/2018, quarta, 19:30
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 12.573 (11.118 pagantes)
Renda: R$ 301.076,00
Árbitro: Igor Junio Benevenuto (MG)
Auxiliares: Felipe Alan Costa de Oliveira (MG) e Ricardo Junio de Souza (MG)
Cartões amarelos: David Duarte, Gilberto, Tiago Luís, Rafinha e Jacó (GOI)
Gols Grêmio: Alisson (13’/1ºT), Thaciano (30’/2ºT) e Alisson (45’/2ºT)
Gol Goiás: Maranhão (6’/2ºT)

Brasileiro 2018 – 4ª rodada – Grêmio 5 x 1 Santos

Um Grêmio histórico

Qual o limite para este time? Os comandados de Renato não cansam de espantar o mundo do futebol com o nível de atuação desta equipe e outra vez fizeram uma partida luxuosa, a 2ª em sequência. Após a golear impiedosamente o Cerro Porteño, por 5 x 0 na Libertadores, o tricolor repetiu a dose e enfiou mais 5, agora no Santos, pelo Brasileiro.

Em uma noite mágica a Arena presenciou a melhor atuação da era Renato e uma das melhores partidas da história do clube. O Grêmio atropelou o Santos de uma forma tão avassaladora que o adversário parecia um time amador da gloriosa Copa Paqueta e não um dos fortes candidatos aos títulos da Libertadores e do Brasileiro.

Gremio x Santos

Renato, a atuação convenceu? (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O time paulista simplesmente não viu a cor da bola e foi, aos poucos, encurralado na sua defesa para apenas assistir o Grêmio empilhar gols em profusão. Em momento algum o tricolor teve sua vitória ameaçada e até mesmo o gol santista foi obra muito mais do acaso que de uma jogada pensada.

A proposta santista ajudou para tal desempenho gremista, pois o time de Jair Ventura foi a Porto Alegre apenas para se defender. Tentou fechar-se num ferrolho defensivo e buscar o contra-ataque na velocidade de seus atacantes de lado. Chamou o Grêmio para o seu campo e posicionou os 10 jogadores de linha na frente da sua área, numa tentativa de bloquear espaços e a criatividade gremista.

Porém, um dos principais méritos do Grêmio 2018 está na lição aprendida sobre como jogar contra times fechados. Fosse em 2017 provavelmente o resultado teria sido um triste empate na Arena, após criar e deseperdiçar chances.

Pacientemente o Grêmio impôs seu jogo, fez a bola rodar como de costume, mantendo a sua proposta. Sem uma pressão desordenada, mas sim constante. A mesma intensidade vista na Libertadores se repetiu, com o Grêmio marcando de forma avançada e tirando todo o espaço para o Santos trocar passes na saída de jogo.

Talvez este seja o atributo mais interessante do Grêmio de Renato, na capacidade de roubar a bola com uma rapidez absurda para os padrões do futebol sulamericano. O que possibilita este jogo do controle absoluto, pois afasta o adversário da área gremista, permite o avanço de quase todo o time para além do meio-campo e gera jogadas ofensivas logo na saída do atordoado e desorganizado adversário.

Isto resume a partida contra o Santos, como já havia ocorrido contra o Cerro. Tanto é que o 1º ataque dos paulistas somente ocorreu com 32 minutos do 1º tempo. Até então só Grêmio jogava.

E assim o tricolor buscou o gol inaugural, esbarrando no ferrolho santista. Coube então a Maicon brilhar, ao encontrar a melhor resposta para abrir uma forte defesa. Com um chute magistral de longa distância o capitão fez um golaço, alcançando o ângulo superior de forma indefensável para o bom Vanderlei.

Gremio x Santos

Maicon no melhor momento pelo Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Era o que faltava para tranquilizar o time, mas infelizmente todo o esforço foi em vão, pois logo em seguida o Santos empatou, em um lance furtuito do seu 1º e único ataque no 1º tempo. O chute fraco, mas desviado em Kannemann, matou a defesa de Grohe e acabou com dois recordes impressionantes deste Grêmio. Após 175 dias o time titular do tricolor voltou a tomar um gol em jogada de bola rolando e após 865 minutos, ou quase 10 jogos, Marcelo Grohe voltou a ser vazado. Crise no Grêmio…

Só que não! O time manteve a mesma postura e seguiu pressionando, até encontrar outro gol, já no último minuto da etapa inicial. Na jogada típica dos comandados de Renato, com troca de passes e jogo apoiado, a bola rodou por 43 segundos desde a defesa até o lado direito de ataque, com a participação de Léo Moura, Ramiro, Maicon, André e por fim Luan, que limpou o lance e lançou para o apoio de Léo Moura. Da linha de fundo ele serviu para a entrada de Éverton, no meio da área, que limpou a zaga e fuzilou para se tornar o artilheiro do time em 2018, agora com 8 gols.

Gremio x Santos

Matador (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

A vantagem no placar fez justiça ao jogo e ao único time que quis jogar. Mas o Grêmio queria mais. E este é outro aspecto assombroso do time gremista e uma clara evolução frente a 2017, pois não há espaço mais para administração de resultado. Por muitas vezes o Grêmio dificultou jogos ao recuar após ter a vantagem no placar. O mais marcante de 2017 foi pela semifinal da Libertadores, ao administrar na Arena a vantagem conquistada contra o Barcelona, no Equador.

A confiança está tão elevada que o Grêmio continua atacando como se estivesse ainda zero a zero. Mantém o adversário sempre preocupado e assim o círculo virtuoso se fecha, com marcação avançada, pressão constante, segurança defensiva e gols.

E como eles acontecem de forma bonita. A fase é tão boa que a bola entra de qualquer forma, vinda de pés antes não acostumados a encontrar as redes. O capitão Maicon que o diga, pois após marcar o golaço inaugural ele repetiu a dose, com um golaço de falta. Na sequência um gol de combinação no melhor estilo deste Grêmio, com André e Luan trocando passes na área, até o gol do centroavante. Por fim, outro gol de volante encerrou a acachapante goleada, com a finalização certeira de Arthur, de fora da área.

Gremio x Santos

Mesmo jogando poucas vezes ele segue marcando seus gols (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Quem disse que o camisa 10 do Grêmio é o 5? Que o volante é a função preferida pelos gremistas? Acertou! Destaques há muitos na equipe, como Luan, Éverton, Geromel, Cortez e Grohe, mas poucos estão jogando mais que a dupla de volantes. Ou seriam meias? No caso gremista os dois camisas 5 fazem um senhor camisa 10. A atuação de Maicon foi a sua melhor pelo Grêmio, com dois gols de alta precisão e o comando da criação ofensiva.

Gremio x Santos

O camisa 10 do Grêmio segue sendo o 5 (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Enquanto isso Arthur mantém sua eficiência absurda, limpando todas as saídas de bola da defesa com alto controle da posse e seu costumaz índice de passes certos. Foram 101 passes completados por ele contra o Santos, com 95% de eficiência, o 1º jogador a romper a linha dos 100 passes em um jogo do Brasileiro 2018.

Qual o limite?

É difícil ter uma noção do que este time representa na história do clube enquanto vivemos o momento. Na coletiva pós-jogo Renato disse que o torcedor pode procurar o infinito e mesmo assim não vai encontrar limites. Esta é a impressão que todos têm ao assistir embasbacados ao Grêmio romper barreiras a cada jogo (vide as expressões da torcida na Arena), ainda sem visualizar uma dificuldade em seguir evoluindo.

Talvez alguns anos ainda sejam necessários para assimilar o real tamanho alcançado por esta equipe, para podermos estabelecer uma comparação com outros times históricos gremistas. Mas só o fato desta discussão surgir já diz muito sobre o feito alcançado por Renato, jogadores, comissão técnica e direção do clube.

Com certeza para quem nasceu na década de 80 este é o maior time da história do Grêmio. Talvez ainda restem dúvidas em relação ao time Campeão do Mundo ou aos times dos 12 títulos em 13, das décadas de 50 e 60, pela importância do título máximo ou pelo domínio pleno do cenário Gaúcho. Mesmo o grande time da década de 90 parece já fora de discussão, pois não tinha um desempenho tão qualificado, apesar de ser um dos mais vencedores do clube. O que é possível afirmar é que nenhum time anterior, em quase 115 anos de história, teve tamanho controle sobre o jogo como este tem.

O Grêmio de Renato faz o que quer, dita o ritmo contra qualquer oponente, dentro e fora de casa, e invariavelmente vence, após destroçar fisica e mentalmente o adversário. Deve ser irritante jogar contra o Grêmio e correr atrás da bola por 90 minutos, além de ser implacavelmente perseguido quando tem a posse. Isto acaba com a paciência dos jogadores, que apelam então para a violência (novamente foi a arma usada para parar Luan e companhia) ou mostram cenas de discussão com os próprios companheiros, como entre Valderlei e Alison.

As vitórias desta semana não foram contra times ruins e por campeonatos menores, pelo contrário. O Grêmio meteu um total de 10 gols no organizado Cerro Porteño e no time tido como um dos melhores do Brasil, em partidas válidas pelas duas maiores competições do calendário. Tornou banal enfrentamentos duros e estabeleceu recordes. Na Libertadores foi apenas a 2ª vez que o clube conseguiu goleada de 5 x 0 (a outra em 1995, contra o Palmeiras), enquando que sobre o Santos o Grêmio atualizou a sua maior goleada desde o início do confronto, em 1949.

Para a história talvez ainda falte completar o ciclo com o título mundial, ou pelo menos outro Brasileiro ou Libertadores em 2018, que viriam coroar um time altamente qualificado com o resultado apropriado. Afinal, times históricos precisam jogar bem, mas também conquistar títulos de maior importância. Os próximos meses responderão estas dúvidas, mas fica a certeza de que o caminho esta bem trilhado.

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura (Madson, 35’/2ºT), Pedro Geromel, Kannemann e Cortez (Marcelo Oliveira, 30’/2ºT); Maicon, Arthur, Ramiro, Luan, Everton e André (Jael, 25’/2ºT)
Técnico: Renato Portaluppi

SANTOS: Vanderlei; Daniel Guedes, Lucas Veríssimo, David Braz e Dodô; Alison, Jean Mota, Léo Citadini (Copete, 11’/2ºT), Rodrygo (Vitor Bueno, 36’/2ºT), Gabriel (Arthur Gomes, 27’/2ºT) e Eduardo Sasha
Técnico: Jair Ventura

Brasileiro 2018, 1º turno, 4º rodada
06/05/2018, domingo, 19:00
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 27.844 (25.779 pagantes)
Renda: R$ 822.966,00
Árbitro: Péricles Bassols Cortez (PE)
Auxiliares: Cleberson do Nascimento Leite (PE) e Marcelino Castro de Nazaré (PE)
Cartões amarelos: Ramiro (GRE); Dodô, Lucas Veríssimo e Alison (SAN)
Gols Grêmio: Maicon (30’/1ºT), Éverton (46’/1ºT), Maicon (9’/2ºT), André (24’/2ºT) e Arthur (34’/2ºT)
Gol Santos: Jean Mota (32’/1ºT)

Balanço Financeiro 2017, o Grêmio faz história também fora de campo

Se os resultados dentro de campo foram excepcionais em 2017 , com a conquista do tricampeonato da América e a volta ao Mundial de clubes, fora de campo o Grêmio não deixou por menos. O Balanço Financeiro da temporada passada revelou melhorias significativas rumo ao equilíbrio das contas do clube, com um resultado histórico e que representa muito bem a consolidação do Grêmio no cenário brasileiro e da América do Sul.

Ao contrário do Balanço de 2016, que não trazia grandes motivos para comemorações e não refletia ainda a melhora do clube na geração de receitas ordinárias, o atual resultado demonstra um crescimento real do clube em várias receitas. As ótimas notícias são, por exemplo, a redução da dependência das receitas de TV, aumento de receitas patrimoniais e publicitárias, vendas recordes de atletas, resultado histórico da loja Grêmio Mania, redução das despesas financeiras (não ocorria desde 2011) e redução da dívida total (não ocorria desde 2008). Os detalhes mostramos abaixo.

Gráfico 2
Balanço 2017 (Fonte: Grêmio FBPA)

 

 

Negociações de atletas

De cara chama a atenção o forte aumento das receitas de vendas de jogadores em 2017, recorde histórico do clube, com R$ 76,7 milhões arrecadados (o maior resultado era ainda o de 2007, com R$ 52,8 milhões arrecadados com os negócios de Lucas Leiva e Carlos Eduardo). Contribuíram para isto principalmente, as vendas de Walace e Pedro Rocha, que estão inclusive entre as 5 maiores vendas do clube.

Há anos o Grêmio penava para turbinar suas receitas com vendas de atletas, fazendo negócios ruins e apressados com os talentos das categorias de base, sem conseguir valorizar seu patrimônio à altura do potencial dos atletas. Pressionado pelas dívidas históricas e pelo limitado fluxo de caixa o Grêmio se desfazia de seus talentos nas primeiras propostas recebidas e não mantinha os garotos no clube a tempo de darem o retorno desportivo. Assim o clube vendia os jovens rapidamente, não conquistava títulos, fazia reposições mais caras e não conseguia pagar suas dívidas, perdendo uma geração de bons jogadores por baixos valores.

Felizmente este círculo vicioso começou a mudar na gestão Romildo Bolzan, com a valorização crescente da base. Os salários das promessas foram reajustados, contratos passaram a ser renovados com maior prazo e houve inclusive aumento de direitos econômicos em favor do Grêmio. Tudo na tentativa de manter os destaques da base por mais tempo no clube, para darem o retorno com títulos, antes de se valorizarem e serem  então negociados por valores mais justos.

Isto favoreceu o florescimento desta estrutura de elenco vencedora, onde a gurizada tem papel de destaque dentro do campo e serve como garantia de um clube mais forte. No Balanço 2018 devem entrar os valores da venda recorde de Arthur (ao menos parte dos € 39 milhões), o que dá uma boa ideia de um forte resultado também na próxima publicação.

Quadro Social, a resposta para crescer

Outro golaço da gestão Bolzan é o aumento recorde do Quadro Social. Logicamente há a influência dos resultados em campo, que desde 2016 catapultaram as associações do clube, até o recorde de 91.348 sócios adimplentes no final de 2017. No Balanço, o impacto foi uma receita recorde de R$ 66,2 milhões, aumento de 25,1% em relação a 2016. Um incremento tão forte só havia acontecido em 2012, com 40,1% em relação às receitas de 2011, muito influenciado pelo aumento do valor das mensalidades e da migração de sócios para a Arena.

Vendas Grêmio Mania

O boom de novos sócios, a maior exposição do clube trazida pelo sucesso em campo e o aumento de público em jogos decisivos na Arena trouxe também o crescimento das vendas da loja Grêmio Mania, até um resultado recorde de R$ 6,8 milhões (85,9% maior que em 2016).

O que decepcionou foi o resultados dos royalties da marca, que caíram 4,5% em relação a 2016 e não acompanharam o sucesso recente do clube. Mesmo assim, somadas as vendas da Loja com os royalties tem-se um bom resultado comercial de R$ 18,6 milhões. Infelizmente ainda fica abaixo do recorde de R$ 19,3 milhões obtido em 2012, sob influência do último ano de operação do Olímpico e a maior presença da torcida nas ações do clube.

Publicidade em destaque

Outro ponto que merece destaque foi o aumento na rubrica de publicidade, com expressivo crescimento de 48,2% em relação a 2016. Nesta área não havia crescimento tão grande desde 2014, quando o novo contrato de fornecimento da Umbro impactou num crescimento de 71,7% das receitas.

Fica difícil desvendar os motivos deste crescimento em 2017 pois o Balanço traz poucos detalhes. Os contratos maiores do clube não foram oficialmente renovados e o aumento deve ter vindo de outras fontes. Houve novas receitas em 2017 com os patrocínios da iPlace e do Laghetto Hotéis, por exemplo.

  • Umbro – contrato de 2014 a 2018, R$ 17 milhões/ano
  • Banrisul – contrato de 2015 a 2019, R$ 13 milhões/ano
  • Laghetto – contrato de 2017 a 2019, R$ 5,5 milhões
  • iPlace – contrato de 2017, renovado em 2018

Redução da dependência da TV

O aumento em todas estas receitas operacionais acabou por reduzir a influência das receitas de transmissão sobre o bolo total. Se em 2016 a TV representava preocupantes 46% sobre a operação em 2017 o valor caiu para 37% das receitas.

Isto demonstra um crescimento real do clube em geração de receitas alternativas, como marketing e o relacionamento com o torcedor. Reduzir a influência dos valores da TV representa um poder maior de barganha do clube em negociações futuras de contratos.

Apesar da queda de representatividade da TV sobre o bolo total arrecadado esta rubrica também teve aumento dos valores em 2017. Parte disto se deve ao novo contrato do Gauchão e à grande arrecadação de cotas de TV na Libertadores, mas também ao incremento com novos valores da finada Primeira Liga. No total a TV gerou R$ 126,3 milhões, aumento de 18,9% sobre 2016:

  • Brasileiro – R$ 94,3 milhões (+15,4% de aumento)
  • Libertadores – R$ 14,5 milhões (+61,4%)
  • Gauchão – R$ 12,0 milhões (+ 86,7%)
  • Copa do Brasil – R$ 3,6 milhões (-59,3%)
  • Primeira Liga – R$ 1,7 milhões

Em 2018 as receitas de TV podem ser influenciadas fortemente pelo prêmio da Copa do Brasil, que traz embutido as novas cotas de TV da competição. Fora isso será difícil crescer ainda mais em relação a 2017.

Resultado operacional sustentável

Com os incrementos nestas receitas o clube demonstrou um aumento de 49,2% no total de receitas operacionais em relação a 2016, atingindo os R$ 341,3 milhões. O Grêmio é 6º clube brasileiro que mais arrecadou em 2017 (milhões):

  • Flamengo – R$ 648,7
  • Palmeiras – R$ 503,7
  • São Paulo – R$ 480,1
  • Corinthians – R$ 391,2
  • Cruzeiro – R$ 344,3
  • Grêmio –  R$ 341,3

Já os custos operacionais cresceram em menor ritmo, de 31,5%, para um total de R$ 250,2 milhões. O Grêmio é 5º clube brasileiro que mais gastou na operação em 2017 (milhões):

  • Palmeiras – R$ 368,5
  • São Paulo – R$ 354,8
  • Flamengo – R$ 351,7
  • Corinthians – R$ 278,0
  • Grêmio –  R$ 250,2

O resultado final entre as receitas e os custos operacionais foi outro recorde histórico do Grêmio, de R$ 91,1 milhões. Ou seja, o Grêmio voltou a ser sustentável na sua principal função. Tem resultados em campo e possibilita o crescimento para anos seguintes. A relação custos/receitas operacionais caiu ao menor nível desde 2012, para 73,3%.

Gráfico 1
Receitas x Custos operacionais (Fonte: Artilharia Gremista)

 

Receitas extraordinárias

O Balanço de 2016 trouxe um resultado positivo (superávit) de R$ 35,3 milhões, mas estava fortemente impactado pelos valores de luvas do novo contrato de TV (2019/2024), assinado com a Globo naquele ano. Um total de R$ 96,2 milhões entrou como receita extraordinária de luvas em 2016, tornando o superávit um tanto enganoso e mascarando a menor geração de receitas ordinárias (vendas, comerciais, publicitárias, sociais e de transmissão).

Em 2017 o clube lançou um valor menor em receitas extraordinárias, de R$ 23,3 milhões em despesas recuperadas, o que torna o resultado final do exercício um pouco mais real. Assim o clube reduziu a participação das receitas extraordinárias sobre o bolo total de receitas de 30,8% em 2016 para apenas 6,4% em 2017. Isto representa uma melhor previsibilidade nas contas do clube, que pode ajustar os seus custos conforme o que gera de receitas normais, sem depender de valores incomuns para fechar sua conta.

Há quem considere os R$ 76,8 milhões arrecadados em vendas de atletas também como receitas extraordinárias. Porém, no mercado Brasileiro, isto já virou parte comum da vida dos clubes, praticamente como se fossem receitas esperadas ou ordinárias para a sobrevivência deles.

Despesas financeiras altas, mas controladas

O ponto mais preocupante do Balanço segue sendo as altas despesas financeiras do clube, em função do serviço da dívida, pagamento de juros e despesas bancárias. Os valores fecharam 2017 em R$ 56,5 milhões. Ou seja, 16,6% de tudo o que o Grêmio arrecadou no futebol foi para cobrir estas despesas. O valor é maior, por exemplo, do que os R$ 45 milhões gerados pela venda de Pedro Rocha. Não por acaso o clube depende de ao menos uma venda de atleta por ano, basicamente par cobrir este rombo anual.

Se o valor das despesas financeiras assusta pelo menos parece estar controlado. Melhor ainda, após 6 anos de seguidos crescimentos, finalmente houve uma redução nestas despesas, de 2,9% em relação a 2016. A última vez que isto havia acontecido foi em 2011 e desde então estes custos explodiram até os valores atuais.

O valor da dívida financeira, fruto de empréstimos buscados junto ao BMG e Banrisul para melhorar o fluxo de caixa, também caiu. A redução foi de 3,8% em relação a 2016, para R$ 80,4 milhões em dívidas financeiras. Após os fortes aumentos desta dívida em 2013 e 2015 parece que finalmente os valores estão estabilizados, tendo uma pequena redução por 2 anos seguidos, desde 2016.

 

Dívida em queda

Assim como a dívida financeira, houve queda também na dívida total do clube, algo raro nos últimos anos e que havia acontecido pela última vez em 2008. A dívida total caiu 0,33% para os atuais R$ 470,6 milhões. O maior benefício aqui foi reduzir mais a dívida de curto prazo e passá-la para longo prazo, o que dá maior fôlego no fluxo de caixa do clube.

Outro ponto impactante do Balanço está na melhoria significativa do Índice de Dívida/Receita ou Índice de endividamento. Em 2017 o Grêmio teve uma receita ordinária de R$ 349 milhões (operacional + financeira), o que frente à dívida do clube de R$ 470,6 milhões, reduziu o índice de endividamento a 1,35. Em 2016 o índice estava em 1,96, ou seja, na época o Grêmio precisa de praticamente 2 anos de faturamento para cobrir toda a sua dívida.

A transparência precisa aumentar

O Grêmio vem nos últimos anos aperfeiçoando o seu Balanço, para abranger mais detalhes e trazer mais explicações sobre a situação do clube. É nítida a melhora em relação às publicações mais antigas e é necessário valorizar que o Balanço venha com um extenso e explicativo parecer do Conselho Fiscal. Os comentários incluem até mesmo questões conturbadas, como os acordos com Victor e Kléber, além das dívidas em aberto com a Arena e o parceiro Celso Rigo. Entretanto, é estranho que o clube tenha optado por suprimir do Balanço a divulgação dos percentuais de direitos econômicos sobre seus atletas profissionais e em formação.

Isto vem contra a ideia de transparência nas negociações e contra o que o clube já vinha adotando em Balanços de anos anteriores. Inclusive o Grêmio deveria avançar para divulgar oficialmente não só os direitos econômicos, mas também os custos/receitas envolvidos nas negociações dos atletas. Ultimamente está difícil de citar o Inter como referência em qualquer esfera, mas ao menos neste ponto estão mais avançados que o Grêmio, ao divulgarem mais abertamente os valores de negócios de atletas.

A bola não entra por acaso

A frase já virou clichê no futebol, mas segue verdadeira. Os resultados positivos obtidos desde 2016, com a reconquista da Copa do Brasil, seguida da Libertadores em 2017 e da Recopa e Gauchão 2018, são reflexo de uma gestão que tem buscado a organização e a evolução do clube. Isto precisa ser valorizado fortemente pela torcida gremista, pois explica perfeitamente o sucesso obtido dentro de campo.

Somente através da sequência deste trabalho estruturante, da profissionalização e de uma gestão baseada em processos e não em pessoas é que o clube poderá manter-se em alto nível e competitivo, como tem feito. Basta vez onde foi parar o rival local, quando optou pelo amadorismo e o descontrole na sua gestão.

Vida longa ao Grêmio que planeja, executa e atinge seus objetivos. Raros foram os momentos na história do clube em que se observou momento tão positivo, digno de orgulho aos gremistas dentro e fora de campo. O Grêmio é e está cada vez mais forte!