Pré-jogo: Libertadores 2017 – quartas – Botafogo x Grêmio

O Grêmio inicia nesta quarta (13/set) a sua caminhada rumo a mais uma semifinal de Libertadores, que seria a 8ª na rica história gremista pela competição continental. Precisa entretanto superar o Botafogo, grande surpresa da Libertadores 2017, mas que jamais conseguiu chegar nas finais da Copa (em 1963 perdeu para o Santos nas semifinais). É um confronto de um clube bicampeão contra um ainda inexpressivo clube no contexto da América do Sul. Apesar desta diferença de tamanho dentro da Libertadores, este é um dos mais clássicos confrontos brasileiros, com longa história de enfrentamentos.

A disputa ocorre desde 1931, mas ainda de uma maneira um tanto fria, sem o histórico de finais entre os clubes. Incrivelmente Grêmio e Botafogo jamais se enfrentaram pela Copa do Brasil, por exemplo, enquanto caminham para já o 2º mata-mata em Libertadores. Os demais confrontos foram todos pelo Brasileiro e amistosos, sendo sempre por fases classificatórias.

Os primeiros confrontos

Nos primórdios do futebol brasileiro apenas amistosos eram possíveis, sem ainda haver uma competição nacional para integrar os clubes brasileiros, o que só ocorreu com a Taça Brasil de 1959. Mesmo assim, o 1º confronto oficial viria apenas em 1968. Antes disto 5 amistosos disputados entre 1931 e 1967, todos em Porto Alegre. O Grêmio jamais enfrentou o Botafogo no estádio de General Severiano, onde os cariocas mandavam seus jogos antes do Maracanã existir.

O 1º confronto teve enorme repercussão em Porto Alegre, com a visita do clube carioca em 1931, que se transformou num verdadeiro acontecimento popular. O jogo na acanhada Baixada, no bairro Moinhos de Vento, teve grande apelo, sendo que 5 mil pessoas não conseguiram acompanhar o “match” devido ao excesso de lotação no local.

A partida acabou com vitória de virada dos cariocas por 2 x 1, sendo que o detalhe ficou pela confusão entre o gremista Sardinha e o árbitro Edelberto Mendonça. Na comemoração do 2º gol adversário o indignado Sardinha tirou de Edelberto o seu apito, fazendo com que ele se retirasse da partida para a entrada do árbitro Carlos de Lorenzi. O motivo da revolta foi que o botafoguense Octacílio carregou a bola com a mão antes de fazer o gol, fazendo com que os gremistas parassem no lance para pedir a falta.

GRÊMIO: Lara; Dario e Sardinha; Mabilia, Poroto e Russo; Lacy, Artigas, Luiz Carvalho, Foguinho e Nenê (Juca, 22’/2ºT)
Técnico: Telêmaco Frazão de Lima

BOTAFOGO: Sylvio; Póvoa e Rodrigues; Canalli, Martim e Benevenuto; Alvaro, Octacílio, Carola, Rogério (Nena) (Juca da Praia) e Celso
Técnico: Nicolas Ladanyi

Grêmio 1 x 2 Botafogo – Amistoso
24/06/1931, quarta, 15:30
Estádio da Baixada, Porto Alegre
Árbitro: Edelberto Mendonça (até 14’/2ºT) e Carlos de Lorenzi (a partir dos 15’/2ºT)
Gol Grêmio: Lacy (12’/1ºT)
Gols Botafogo: Álvaro (5’/2ºT) e Octacílio (12’/2ºT)

A única partida com maior tom decisivo valeu pelo Torneio Triangular de Porto Alegre de 1951, disputado entre Grêmio, Inter e Botafogo, em que os cariocas saíram campeões. Mesmo assim a partida final do triangular foi um gre-nal, em que a vitória gremista por 2 x 1 acabou por dar o título ao Botafogo (empatou por 1 x 1 com o Inter e venceu o Grêmio por 2 x 0).

Torneio Triangular de Porto Alegre (Fonte: Jornal do Dia)

Confrontos em Brasileiros

A partir da criação do Roberto Gomes Pedrosa e da consolidação do Campeonato Brasileiro os dois clubes passaram a se enfrentar com regularidade em disputas oficiais. Em Brasileiros a vantagem é gremista, com 21V, 15E e 18D, 70 gols pró e 62 gols contra. A maior goleada do confronto foram os 4 x 0 do Grêmio, em 2006. O tricolor meteu 3 x 0 em outras 3 ocasiões (1978, 2007 e 2010), mas também levou 3 x 0 duas vezes (1973 e 2007).

Em 2006 o time atropelou o adversário com direito a gol de carrinho de Herrera e outros 3 de Rômulo. No baliza gremista surgia o jovem Marcelo Grohe, após ganhar a posição de Galatto e se destacar no título do Gauchão 2006.

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Patrício, Evaldo, William e Bruno Telles; Jeovânio (Rafinha), Lucas Leiva, Ramon (Herrera) e Hugo; Léo Lima (Sandro Goiano) e Rômulo
Técnico: Mano Menezes

BOTAFOGO: Lopes; Leandro Carvalho (Bill), Juninho e Asprilla e Júnior César; Alê, Ataliba, Thiaguinho e Zé Roberto; Reinaldo (Wando) e Lima (Thiago Xavier)
Técnico: Cuca

Grêmio 4 x 0 Botafogo – Brasileiro 2016, 24ª rodada
17/09/2006, domingo, 16:00
Estádio Olímpico, Porto Alegre
Público total: 32.199 (27.369 pagantes)
Renda: R$ 437.520,00
Árbitro: Sálvio Spindola Fagundes Filho (SP)
Auxiliares: Evandro Silveira (SP) e Marinaldo Silvério (SP)
Cartões amarelos: Rômulo, Jeovânio, Hugo, Bruno Telles (GRE), Juninho, Lima, Alê (BOT)
Cartões Vermelhos: Júnior César e Alê (BOT)
Gols Grêmio: Rômulo (7’/1ºT e 26’/2ºT), Herrera (36’/2ºT) e Rômulo (41’/2ºT)

Libertadores

O único confronto eliminatório entre os clubes foi pelas oitavas da Libertadores 1996. O Grêmio entrou já nesta fase por ter sido o campeão da Copa em 95, enquanto o Botafogo era credenciado como o campeão Brasileiro. Eram os tempos do Grêmio copeiro e peleador, que adorava os mata-matas e fazia qualquer adversário tremer. Havia jogado as últimas 3 finais de Copa do Brasil e era o campeão da Libertadores e da Recopa, com experiência enorme acumulada em decisões. Jogava em simultâneo o Gauchão, Copa do Brasil e Libertadores e mesmo assim não se dava ao luxo de reclamar do calendário apertado.

Num espaço de 9 dias o Grêmio fez 5 jogos e decidiu a classificação nas oitavas da Libertadores e quartas da Copa do Brasil, eliminando Botafogo e Criciúma, SEMPRE com titulares.

  • 01/05/1996 – Botafogo 1 x 1 Grêmio – Libertadores – oitavas
  • 03/05/1996 – Criciúma 1 x 1 Grêmio – Copa do Brasil – quartas
  • 05/05/1996 – Grêmio 2 x 2 Juventude – Gauchão – 2º turno
  • 08/05/1996 – Grêmio 2 x 0 Botafogo – Libertadores – oitavas
  • 10/05/1996 – Grêmio 2 x 0 Criciúma – Copa do Brasil – quartas

Na ida, no Rio de Janeiro, Jardel deixou sua marca e deu tranquilidade ao time para decidir no Olímpico, onde o Grêmio não deu chances aos cariocas. Na sequência o Grêmio chegaria até as semifinais, onde acabaria eliminado pelo América de Cali.

BOTAFOGO: Wágner; Perivaldo, Márcio Theodoro (Grotto, 35’/2ºT), Gonçalves e Jefferson; Uidemar, Jamir, Beto e Bentinho (Moisés, 29’/2ºT); Mauricinho (Dauri, 15’/2ºT) e Túlio
Técnico: Ricardo Barreto

GRÊMIO: Danrlei; Arce, Luciano, Adílson e Roger; Dinho, João Antônio (Rodrigo Mendes, 14’/2ºT), Aílton e Carlos Miguel; Paulo Nunes (Zé Alcino, 30’2ºT) e Jardel
Técnico: Luiz Felipe Scolari

Botafogo 1 x 1 Grêmio – Libertadores 1996, oitavas, jogo de ida
01/05/1996, quarta, 16:00
Estádio Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Sidrack Marinho dos Santos (SE)
Auxiliares: José Elias Gusmão e Milton Otaviano
Cartões amarelos: Adilson, Zé Alcino, Luciano, João Antônio, Jardel, Arce (GRE); Márcio Theodoro, Perivaldo, Mauricinho, Beto, Betinho e Jefferson (BOT)
Cartão vermelho: Uidemar (BOT)
Gol Grêmio: Jardel (26’/2ºT)
Gol Botafogo: Jamir (21’/2ºT)

GRÊMIO: Danrlei; Arce, Luciano, Adílson e Roger; Dinho, Goiano, Aílton (Rivarola, 38’/2ºT), Carlos Miguel; Paulo Nunes (Rodrigo Mendes, 44’/2ºT), Jardel (João Antônio, 43’/2ºT)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

BOTAFOGO: Wágner; Perivaldo (Souza, 20’/2ºT), Wilson Gottardo, Gonçalves e Jefferson; Moisés, Jamir, Beto e Edmilson; Bentinho e Túlio
Técnico: Ricardo Barreto

Grêmio 2 x 0 Botafogo – Libertadores 1996, oitavas, jogo de volta
08/05/1996, quarta, 21:30
Estádio Olímpico, Porto Alegre
Público pagante: 31.200
Árbitro: Oscar Roberto de Godoy (SP)
Cartão vermelho: Adílson (GRE, 35’/2ºT)
Gols Grêmio: Luciano (4’/1ºT) e Carlos Miguel (18’/2ºT)

Os números do confronto

O estádio que recebeu mais jogos entre os clubes foi o Olímpico, com um total de 26 partidas. Interessante ver que o Grêmio tem ampla vantagem jogando também no Maracanã, com 62% de aproveitamento. O grande trunfo do Botafogo sempre foi jogar em Caio Martins, onde venceu todas as partidas. Na Arena do Grêmio foram apenas 3 jogos, sendo que a única derrota tricolor veio com o time reserva, que entrou em campo após a ressaca do título da Copa do Brasil 2016.

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O artilheiro gremista do confronto é Jonas, com 6 gols, seguido de Baltazar, Tuta e Rômulo, com 3 gols. Um dos últimos gols do mestre Jonas pelo Grêmio foi este golaço em 2010, pela rodada final do Brasileiro. No 3º gol jogada entre Jonas e Douglas e gol do barriga de cadela. Tudo sob o comando dele, o Portaluppi.