Oportunidades desperdiçadas
Com o foco todo na grande final da Libertadores 2017 o Grêmio voltou a campo neste domingo, para cumprir tabela no qua ainda resta do Brasileiro. A partida frente ao Atlético-GO pouco valia, para além da disputa do vice e da maior premiação do campeonato, e serviu como oportunidade a reservas e garotos da base. Porém, como em todo 2017, o time reserva não aproveitou a chance e deixou novamente uma má impressão.
O empate na Arena, contra o lanterna da competição, foi muito ruim e dificultou a luta pelo vice. Foi a 14ª partida do time reserva/transição em 2017, acumulando agora 19% de aproveitamento. Com 1 vitória, 5 empates e 8 derrotas, 10 gols marcados e 20 sofridos, vai ficando clara a necessidade de repensar o elenco para 2018, se a estratégia de priorização de competições e utilização de 2 times distintos for mantida.
Pior do que o resultado foi o desempenho de jogadores tidos como promessas ou opções possíveis no time titular. Cada vez mais confirma-se a expectativa em torno de alguns, bem como esclarece a situação de algumas promessas.
Ao contrário da partida anterior, quando a gurizada fez um enfrentamento equilibrado contra o Santos, demonstrando atitude e confiança para jogar, nada foi repetido na Arena. O Grêmio foi apático, resignado, desorganizado e desatento. Um time sem explosão e que parecia não se importar com a presença de um irritado Renato Portaluppi na beira do gramado.
O péssimo 1º tempo, suportado também pela falta de qualidade do adversário, tirou o treinador gremista do sério, tanto é que agiu logo no intervalo. Acabou sobrando para o mais experiente do time, Cristian, substituído com justiça por Lucas Poletto, após outra atuação de ex-atleta. Como falado contra o Santos, ele tem todas as ferramentas de um bom jogador, mas não tem mais físico para isto.
Cristian era uma das peças que atrasava o time assim como seus dois companheiros de setor, Kaio e Machado. É incrível que os dois estejam a tanto tempo na base gremista (Kaio desde 2012; Machado desde 2014) e suas carências não tenham sido identificadas e trabalhadas. Fundamentos básicos para volantes como passe, controle de bola e agilidade passam longe da dupla. Pior ainda é ver Kaio improvisado como meia direita, tirando o espaço de Lucas Poletto e Pepe, ou ainda de um meia muito mais qualificado como Jean Pyerre.
A substituição pouco adiantou e o Grêmio viu o adversário abrir o placar, num chute colocado de Andrigo. A reação veio em apenas 2 minutos, em cobrança de escanteio aproveitada na cabeçada de Rafael Thyere e o rebote de Lucas Poletto. O filho do lateral Paulo Roberto mostrou, em pouco tempo, estrela para fazer seu 1º gol como profissional e foi uma das poucas notas positivas da partida.
Gol com DNA vencedor (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
- Dionathã: não repetiu a atuação frente ao Santos, mas, mesmo assim, foi um um dos melhores do time. Está um nível acima de outros jovens deste grupo e deve permanecer no elenco em 2018. Deveria ser aproveitado no Gauchão, como avaliação de uma futura sequência no grupo principal.
- Patrick: está abaixo de Dionathã. Muito desligado ainda e sem porte físico para se destacar. Assim como Luan, necessita de um trabalho específico na base antes de atuar com mais frequência.
- Thyere e Bruno Rodrigo: uma dupla bastante desastrada e com vários erros individuais e de posicionamento. Thyere ao menos tem futuro para crescer e ainda segue como uma opção válida no elenco. Não se pode dizer o mesmo de Bruno Rodrigo…
- Leonardo e Conrado: novamente muito mal na partida, confirmando o pouco que se espera de ambos. Vale para Conrado a mesma análise de Kaio e Machado, tem muitas deficiências a corrigir e é incompreensível que tenha chegado nos profissionais assim.
- Jean Pyerre: entrou no final e deu uma dinâmica diferente ao meio-campo. Assim como Dionathã parece ser um dos jovens mais prontos para encarar os profissionais. Não se esconde do jogo, tem bom passe e movimentação. Apesar de não ser tão combativo, lembra um pouco o jogo de Michel e talvez esteja aí sua oportunidade em 2018.
- Beto da Silva: faz um ano para esquecer. Um jogador que pouco acrescenta ao time como opção para segurar a bola, driblar ou finalizar. Se a ideia é encorpar o elenco para 2018, deveria ser emprestado.
- Vico: melhor surpresa da tarde fez sua estreia no profissional e jogou os minutos finais. Este sim um jogador diferente, que mostrou qualidade em poucos toques na bola. Foi o destaque na excursão vitoriosa do grupo de transição pela China, sendo eleito o craque da competição. Um meia que lembra o estilo físico e de jogo de Maxi Rodriguez, porém com maior velocidade na condução da bola. Com apenas 20 anos, pode talvez aparecer mais no Gauchão e tem bola para se afirmar no tricolor.
Vico na sua estreia pelo profissional (Foto: Lucas Uebel/GRêmio FBPA)
GRÊMIO: Paulo Victor; Leonardo, Rafael Thyere, Bruno Rodrigo e Conrado; Cristian (Lucas Poletto, intervalo), Machado (Vico, 40’/2ºT), Kaio, Patrick (Jean Pyerre, 21’/2ºT) e Dionathã; Beto da Silva
Técnico: Renato Portaluppi
ATLÉTICO-GO: Kléver; Jonathan, Gilvan, Willim Alves e Breno Lopes; André Castro, Igor (Jefferson Nem, 23’/2ºT), Andrigo, Jorginho e Luiz Fernando; Diego Rosa (Alisson, 36’/2ºT)
Técnico: João Paulo Sanches
Brasileiro 2017, 2º turno, 37ª rodada
26/11/2017, domingo, 17:00
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Público total: 8.259 (6.783 pagantes)
Renda: R$ 197.923,00
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ)
Auxiliares: Luiz Claudio Regazone (RJ) e Eduardo de Souza Couto (RJ)
Cartões amarelos: Leonardo e Machado (GRE); William Alves, Gilvam e André Castro (AGO)
Gol Grêmio: Lucas Poletto (26’/2ºT)
Gol Atlético-GO: Andrigo (24’/2ºT)
Artilharia Gremista 