Cícero e a mística da reabilitação no Grêmio

A direção gremista agiu rápido e novamente reforçou o elenco para suprir as ausências de jogadores negociados e lesionados em 2017. Após perder Maicon, em definitivo até o final do ano, e Michel, por 30 dias, o tricolor confirmou a contratação do meia/volante/atacante Cícero, até 31/12/2017.

O ex-jogador do São Paulo conseguiu sua rescisão com o clube paulista e chega para jogar as semifinais da Libertadores, uma vez que não pode mais atuar pelo Brasileiro. Poderá portanto jogar de 2 a 4 partidas em 2017 e mais outras 2, em caso de uma sonhada final do Mundial.

Assim como a contratação de Cristian é um negócio de ocasião, aproveitando o afastamento do jogador de seu ex-clube. O perfil de um jogador experiente, mas já na descendência na sua carreira, também é semelhante, representando mais uma aposta do clube em reabilitar um jogador outrora de alto nível. O mesmo ocorreu nos casos de Léo Moura, Cortez, Fernandinho e Barrios, com sucesso absoluto em 2017, e já havia acontecido com Edílson em 2016.

É novamente uma aposta de alto risco, em um jogador que terá pouco tempo para se adaptar ao clube e ao time, a ponto de conseguir render em alto nível. Porém, ao contrário da contratação de Cristian, a vinda de Cícero é recomendável, uma vez que esteve em atividade por mais tempo em 2017 e tem qualidade superior.

Pode atuar como volante, meia ou até atacante, tendo mostrado já anteriormente esta versatilidade. Tem grande poder de finalização e é ótimo na jogada aérea, tendo uma boa média de gols na carreira, por praticamente todos os clubes por onde andou. Seu destaque inicial foi no Figueirense, com o famoso trio ao lado de Soares e Schwenck, ainda em 2006. Marcou 2 vezes nas vitórias contra o Grêmio naquele ano, uma em Florianópolis e outra em Porto Alegre.

Depois seu melhor momento na carreira foi no Fluminense, sob o comando de Renato Portaluppi, chegando ao título da Copa do Brasil 2007 e o vice da Libertadores 2008. Jogava como meia, ao lado de Conca e Thiago Neves, porém também foi escalado por Portaluppi como atacante.

Após passagens pela Alemanha, retornou para o Brasil para jogar pelo São Paulo em 2011. Voltou a marcar contra o Grêmio no Brasileiro 2012, na vitória gremista por 2 x 1 no Morumbi. O time paulista jogava no 3-5-2 e Cícero era o centroavante do time, na companhia de Maicon e Cortez. A escalação desta partida teve Rogério Ceni; João Filipe, Casemiro (Willian José, 36’/2ºT) e Rhodolfo; Douglas, Denilson, Maicon, Jadson e Cortez; Ademilson e Cícero.

Depois passou também por Santos e Fluminense, antes da sua derradeira passagem pelo São Paulo, em 2017. Sua melhor fase nestes anos foi entre 2013/2014 pelo Santos, quando teve o protagonismo de substituir Neymar e se tornar o artilheiro do time. Pelo Fluminense a passagem já não teve tanto brilho, jogando muitas vezes mais recuado, como volante. A mesma função que vinha exercendo no São Paulo, até ser afastado pela diretoria, após a chegada de Dorival Junior.

Mesmo estando longe do seu auge, o Grêmio ganha em qualidade e experiência com a sua contratação, para enfrentar a grande decisão do ano. Mesmo que não consiga render plenamente em 2017 é um reforço a ser considerado na montagem do elenco para 2018.

Mas não terá facilidades para conseguir uma vaga no time. Mesmo que Michel não se recupere a tempo da Libertadores, é difícil imaginar a presença de Cícero entre os titulares. O mais indicado para substituir Michel seria Cristian, ficando Cícero como opção para Arthur. Na direita a briga parece ser entre Ramiro e Fernandinho, enquanto na esquerda Everton e Arroyo parecem mais cotados. Cícero poderia ainda ser opção a Luan, mas deve ter em breve a concorrência de Douglas, além da promessa de Patrick.

Conta a seu favor a experiência vivida ao lado de Renato e o gosto do treinador pelos jogadores mais “cascudos”. É interessante ver a mudança de perfil do time, que iniciou o ano suportado na afirmação dos garotos da base (Walace – depois Arthur – Luan, Pedro Rocha, Everton, Lincoln e Batista) e vai acabar 2017 com grandes esperanças no aproveitamento de jogadores já na descendência (Cristian, Cícero, Douglas, Arroyo, sem contar o lesionado Maicon).

Talvez seja somente fruto das dificuldades do momento e estas contratações representem apenas oportunidades ocasionais e não uma estratégia do clube em apostar em medalhões. O grande acerto do Grêmio de Romildo foi fortalecer o aproveitamento da base e isso não deveria ser alterado para 2018.

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