Pré-jogo – Final Libertadores 2017 – Grêmio x Lanús

E vai começar a final da Copa Libertadores!

Como é bom poder dizer isso e chegar em condições de conquistar novamente a América. O Grêmio retorna à final pela 5ª vez na sua história e chega, ao contrário de 2007, em plenas condições de sair campeão.

Desde 2015 o tricolor molda um time para retomar o caminho dos grandes títulos. De Felipão, passando por Roger, até chegar em Portaluppi, o time encorpou, aprendeu com as derrotas, ganhou experiência, reconquistou o Brasil e afirmou grandes jogadores. O caminho foi trilhado e agora chegou o momento do grande salto diferencial.

A América se oferece ao tricolor como em 1983 e 1995, com a taça reluzente e na espera por receber o 3º escudo gremista. Mas nada na Libertadores, a mais traiçoeira competição já imaginada, pode ser dado como ganho antes do término. Sempre é preciso lutar para conquistar, ainda mais em confronto com argentinos.

Em 1984 o Independiente deixou isto bem claro. Uma derrota em pleno Olímpico, com um gol logo aos 24’/1ºT, abalou o Grêmio e dificultou muito a conquista do bicampeonato. Como todo bom time argentino, o Independiente soube “cozinhar” a partida de volta, em Avellaneda, e conquistou sua 7ª e última Libertadores.

Em 2007 não tinha como. Apesar de toda a ilusão criada nas viradas memoráveis frente ao Defensor e ao São Paulo, além da classificação heróica frente ao Santos, não tinha como superar aquele Boca. Mesmo contando com uma boa base e jogadores diferenciados como Diego Souza, Lucas Leiva e Carlos Eduardo, o Grêmio bateu no seu limite.

Mas em 2017 a situação é diferente e talvez aí resida a grande esperança gremista. O time atual não é fruto do acaso e de classificações milagrosas e inesperadas. Aprendeu a jogar mata-matas e desde 2016 consegue aliar o bom futebol com a tranquilidade para decidir grandes jogos. Após a queda vergonhosa para o Rosário Central, em 2016, o clube jogou 10 fases eliminatórias de Copa do Brasil e Libertadores e foi eliminado apenas em 1, na semifinal da Copa do Brasil 2017. Foram 13 vitórias, 4 empates e 3 derrotas desde então.

Mais impactante que estes números é o desempenho do time fora de casa nestes confrontos, com 7 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. Um time que desenvolveu uma forma muito particular de controle do jogo, com alta qualidade na retenção de bola e uma saída veloz e fatal para o ataque. Nestes 10 jogos como visitante fez 16 gols e levou apenas 5, suportado por uma das melhores defesas da história do clube, de Geromel e Kannemann.

Porém a decisão começa pela Arena e obviamente a pressão pela vitória está com o Grêmio. Uma vantagem, por menor que seja, se faz necessária para possibilitar um jogo mais controlado em Lanús. Depender de uma vitória na Argentina não é um cenário expectável. Para tanto o Grêmio precisa pressionar, atacar e ser criativo. Mais do que estar organizado e preparado, precisa repetir a atitude que teve frente a Botafogo e Barcelona-EQU.

O Lanús vem com força máxima e já deu mostra da sua capacidade de se adaptar às situações. Contra o San Lorenzo (nas quartas) fez um jogo mais retraído e acabou derrotado fora de casa. Já nas semifinais, contra o River Plate, conseguiu sair mais para o jogo no Monumental e acabou levando um gol apenas no final da partida. Dá a entender que, na Arena, irá repetir o jogo de Nuñez, pressionando pela rápida retomada de bola, sem deixar espaços para o Grêmio pensar. Inclusive falam em atacar o Grêmio, acreditando ser essa a chave para superar o tricolor.

Seria ótimo se o Lanús realmente atacasse, pois aí daria os espaços que o Grêmio tanto gosta. Mas é mais provável que o estilo de jogo seja parecido com o do Cruzeiro, pela Copa do Brasil. Naqueles confrontos Mano Menezes conseguiu exercer a pressão sobre o meio-campo gremista, no 2º tempo na Arena e por todo o jogo do Mineirão, ao retirar a referência do seu ataque. Povoou o meio-campo, colocando alta carga sobre Arthur e Luan, além de compactar o time para fechar os espaços de Pedro Rocha. Daquela vez Renato não soube sair desta arapuca e é bom que tenha aprendido a lição.

O time argentino, entretanto, costuma jogar com Sand na referência, para prender os zagueiros adversários e abrir espaços aos meias do Lanús. Tem por característica iniciar o jogo com os zagueiros abertos e o volante Marcone recuando pelo meio, para avançar seus laterais. O goleiro Andrada participa ativamente da saída de bola, sempre pelo chão. Desta forma, o Lanús consegue ter amplitude no campo, mas pode dar espaços se não conseguir recompor com qualidade.

O caminho para a vitória tricolor pode estar nesta característica do Lanús, ao forçar roubadas de bola no meio e jogar nas costas dos laterais, seja com Everton ou Fernandinho na esquerda e Ramiro na direita. Caso o Lanús opte por um estilo mais defensivo o papel de encontrar espaços ficará com Luan, que terá de se desdobrar para fugir da pressão. Se Renato escolher Jaílson ao invés de Michel o time ganha em poder de marcação, mas perde em criatividade e conclusão à distância, características diferenciais para quebrar a defesa rival. Talvez a ideia dele seja liberar Arthur para criar, em apoio a Luan.

Treino Gremio

Arthur (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Mais do que nunca esta final exige máxima atenção aos detalhes, tendo a novidade do recurso do árbitro de video (VAR) para ajudar em lances polêmicos. Toda a atenção será necessária, principalmente em lances de bola parada, para não correr o risco de uma intervenção suspeita de arbitragem. Em 2002 o Grêmio perdeu chances de decidir em campo o jogo contra o Olimpia e deixou seu futuro nas mãos do árbitro. Que tudo seja diferente desta vez.

Treino Gremio

Hora de brilhar (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Edílson, Pedro Geromel, Kannemann e Bruno Cortez; Jaílson (Michel), Arthur, Ramiro, Fernandinho (Everton), Luan e Barrios
Técnico: Renato Portaluppi

LANÚS: Andrada; José Gómez, Guerreño, Braghieri e Velázquez; Iván Marcone, Pasquini, Román Martinez, Lautaro Acosta e Alejandro Silva; Sand
Técnico: Jorge Almirón

Libertadores 2017, final, jogo de ida
22/11/2017, quarta, 21:45
Arena do Grêmio, Porto Alegre
Árbitro: Júlio Bascuñán (CHI)
Auxiliares: Carlos Astroza (CHI) e Christian Schiemann (CHI)
Árbitro VAR: Jesús Valenzuela (VEZ)

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